País criou 100 mil vagas em agosto, afirma Temer

Presidente usou o Twitter para antecipar os números, que serão divulgados hoje pelo Ministério do Trabalho

Escrito por Redação ,
Legenda: Tradicionalmente, agosto é um bom mês para a criação de empregos formais, segundo especialistas
Foto: FOTO: CAMILA DOMINGUES

Fortaleza/Brasília. A geração de empregos voltou a ganhar força em agosto. Dados preliminares do Ministério do Trabalho indicam que foram criados mais de 100 mil vagas com carteira assinada no mês passado, mais que o dobro dos 47,3 mil postos registrados em julho. O número será divulgado oficialmente hoje (21), mas o presidente Michel Temer antecipou a informação após recebê-la, na tarde de ontem (20).

"Fui informado que o País criou mais de 100 mil empregos com carteira assinada em agosto. Isto é prova que o Brasil está no rumo certo. Em plena recuperação", escreveu Temer em seu perfil no Twitter.

Um ano antes, em agosto de 2017, o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) ainda mostrava contração do mercado de trabalho com fechamento de 33,9 mil empregos. Os 100 mil empregos divulgados pelo presidente indicam o melhor resultado para o mês pelo menos desde o ano de 2014, quando foram gerados 101,4 mil empregos.

Temporários

Analistas explicam que agosto é, tradicionalmente, melhor para o mercado de trabalho que os meses anteriores. Isso ocorre porque começam as contratações temporárias, especialmente na indústria, para o aumento da produção voltada ao fim do ano. Não há detalhes sobre quais setores lideraram a contratação no mês passado, mas alguns economistas avaliam que essa força do emprego poderá ser temporária.

"É sazonal. Historicamente, tende a crescer para atender à demanda de fim de ano. Porém, a tendência ainda é de fraqueza. Não tem como, pois a economia está fraca", avalia o economista-chefe da SulAmérica Investimentos, Newton Camargo Rosa, que esperava 55 mil novos empregos no mês passado.

O economista do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), Ediran Teixeira, diz o número de vagas ainda é raso. "Em relação aos 14 milhões de desempregados, não é quase nada, é menos de 0,1%. Há que se comemorar sempre a geração de empregos, porém, estamos no ciclo de geração, no segundo semestre, 100 mil é muito pouco".

A antecipação do resultado do Caged surgiu em meio ao esforço de Temer em tentar defender o fim de seu governo enquanto todas as atenções estão voltadas à corrida eleitoral.

Otimismo

Nessa estratégia, o Palácio do Planalto comemora o dado que surpreendeu e mostrou ritmo superior às previsões mais otimistas. Pesquisa realizada pela reportagem com 20 instituições financeiras indicava expectativa de criação de 59,9 mil empregos no mês. Entre as previsões listadas, a melhor era de 88,3 mil vagas com carteira assinada.

A percepção de que, apesar de melhor que o esperado, o dado é insuficiente para gerar otimismo é que outros indicadores da indústria não mostram muito vigor. Nesta semana, a Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) divulgou que empresas paulistas fecharam 2,5 mil empregos formais somente no mês de agosto.

Procurado, o Ministério do Trabalho não confirmou os números divulgados por Temer e informou que o indicador deve ser divulgado hoje.

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