Produtos de Recreação ficaram 0,65% mais caros em 2018 na RMF

Incluindo serviços como cinema, teatro, boate, ingresso para jogo, entre outros, o segmento representou cerca de 0,22% da inflação total da região, segundo o IBGE. Preços variam de acordo com a época do ano

Escrito por Carolina Mesquita , negocios@verdesmares.com.br

Os produtos culturais, tais como cinema, teatro, dança e shows, historicamente são elitizados e, em sua maioria, são ofertados a preços considerados altos para a média da população. No Ceará, Estado onde os níveis de renda são baixos em comparação com o restante do País, a população busca alternativas com valores simbólicos ou gratuitos para não deixar de frequentar e consumir esse tipo de lazer cultural.

Ir ao cinema já faz parte da rotina de Tiago Araújo. Autointitulado cinéfilo, o estudante frequenta as salas, pelo menos, uma vez por semana. Dependendo da programação, vai até mais. E só consegue porque paga meia entrada. 

Para economizar, ele prefere os dias da semana em que os ingressos são promocionais. Ainda assim, o gasto chega a R$ 15 a meia para filmes em 3D. Tiago revela ter percebido um aumento dos valores e arrisca uma explicação. “Acho que o principal motivo é que os cinemas vêm se renovando, investindo em tecnologia digital, o que está se tornando norma da indústria cinematográfica”.

Quando não pode pagar o cobrado por cinemas comerciais, Tiago busca lugares como o Cine São Luiz e Dragão do Mar, que oferecem sessões mais populares e ainda assim proporcionam uma boa experiência. “A diferença é que esses locais normalmente exibem filmes menos comerciais, que circulam em mostras de arte”, comenta.
Araújo relata ainda que, desde 2009, quando a moda do 3D retornou, os cinemas começaram a forçar o pagante a ver o filme com esta tecnologia, colocando as sessões 2D, que normalmente são mais baratas, em horários ruins.

Composição dos preços

Professor do Departamento de Administração da Universidade Federal do Ceará (UFC), Áurio Leocádio elenca três fatores determinantes para a definição dos preços cobrados, que são diferentes dos praticados no restante do País. “A atratividade do produto interfere no preço porque, quanto mais pessoas tiverem interesse de ir, mais o custo vai ser diluído. O tamanho do local de exibição é relevante porque influencia no tamanho do público que estará ali. E o perfil do próprio público também influencia, uma vez que quanto mais jovens, maior será a quantidade de meias-entradas, o que faz o valor subir”.

Além da questão monetária propriamente dita, a falta de tempo também impede que o cearense consuma mais produtos culturais, conforme afirmação de Reginaldo Aguiar, supervisor técnico do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese). 

Segundo ele, o trabalhador cearense possui uma das maiores jornadas de trabalho do País, principalmente no comércio, setor que foi responsável pela segunda maior criação de vagas de emprego em 2018. “As pessoas trabalham demais e ganham pouco. A combinação desses dois fatores gera uma dificuldade significativa no acesso a esses programas”, afirma Reginaldo.

A estudante Selma Licia gasta em média R$ 100 por mês com ingressos de cinema, mesmo pagando meia. Ela revela que nos fins de semana e feriados o valor costuma ser ainda mais alto. “Esses são os dias que as pessoas costumam conseguir assistir algum filme. Somando o preço do ingresso com os custos com lanche faz a saída para o cinema parecer um jantar à luz de velas”, destaca Selma.

Inflação do Lazer

A inflação oficial da Região Metropolitana de Fortaleza (RMF) encerrou 2018 a 2,90%, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Dentre os grupos de despesas pesquisados, o item Recreação registrou leve aumento de preços de 0,65%. No ano anterior, o mesmo segmento havia apresentado redução de 0,99%. 

Ao longo dos meses, o comportamento dos preços de lazer são bastante sazonais, variando de acordo com a época do ano. Janeiro e julho, por exemplo, foram os meses em que Recreação apresentou picos, com altas de 0,99% e 0,76%, respectivamente.

Apesar de parecer baixa, a variação pode ser considerada significativa e representou aproximadamente 0,22% da inflação total da Região Metropolitana de Fortaleza (RMF), durante o ano passado.

Como é calculada a inflação

O Sistema Nacional de Índices de Preços ao Consumidor (SNIPC), monitorado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), consiste em uma combinação de processos destinados a produzir índices de preços ao consumidor. 

O objetivo é acompanhar a variação de preços de um conjunto de produtos e serviços consumidos pelas famílias. Os índices mensais resultam da comparação dos preços vigentes em um mês com os valores observados no mês anterior.

A coleta de preços é realizada a partir da definição dos cadastros de informantes e de produtos. Além do próprio preço, são levados em consideração a cesta de compras das famílias de cada localidade, atribuindo pesos maiores ou menores no cálculo do índice geral. São incluídas na pesquisa famílias com rendimento mensal de 1 a 40 salários mínimos.

Dessa forma, as principais variáveis levadas em consideração no cálculo são o preço, o mês de referência, a faixa de renda das famílias, a cesta de compras e o tipo de comparação, seja ela mensal, acumulada no ano ou em 12 meses.

O acompanhamento dos preços e cálculo das variações da RMF pelo IBGE iniciaram-se em outubro de 1980, juntamente com Salvador (BA) e Curitiba (PR). À época, a coleta já era realizada no Rio de Janeiro (RJ), Porto Alegre (RS), Belo Horizonte (MG), Recife (PE), São Paulo (SP), Brasília (DF) e Belém (PA).

Veja dicas de como economizar

Para quem quer economizar ou está com o orçamento apertado e quer continuar tendo momentos de descontração, seguem algumas dicas.

Use streaming

Uma ida ao cinema inclui gatos com estacionamento, ingresso, pipoca e refrigerante. Prefira ficar em casa e utilizar serviços de streaming, como Netflix e Amazon Prime Vídeo, que possuem preço fixo mensal e um leque diversificado de títulos. Além disso, pipoca e refrigerante comprados em supermercado saem mais em conta.

Happy Hour em casa

Tomar aquela cerveja em casa com os amigos em vez de no barzinho pode gerar uma economia significativa quando não se tem que pagar estacionamento, couvert artístico e outras despesas imprevistas. Para quem não abre mão de sair, a dica é ficar de olho nos perfis de restaurantes e bares para encontrar promoções.

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