Governo deve priorizar ajuste fiscal para evitar nova recessão, diz Eduardo Giannetti

Para o economista, sucesso econômico do próximo governo dependerá do equilíbrio das contas públicas

Escrito por Redação ,

Diante de um déficit primário em torno de 2% do Produto Interno Bruto (PIB), ou o Brasil avança com a agenda de reformas fiscais já no primeiro semestre do próximo ano ou acabará caminhando para uma nova recessão. Essa é a avaliação do economista Eduardo Giannetti da Fonseca, para quem o sucesso econômico do governo de Jair Bolsonaro dependerá, principalmente, do equilíbrio das contas públicas.

"Se não fizermos um endereçamento crível do ajuste fiscal nos primeiros seis meses do novo governo, eu acredito que o país caminhará para uma altamente provável crise financeira, porque os mercados perceberão que o quadro fiscal não foi devidamente equacionado, que não se caminhou para uma ancoragem fiscal e então os credores demandarão uma taxa de juros mais elevada", disse Giannetti, na manhã desta quarta-feira (7), durante a abertura do I Seminário Nacional de Finanças Públicas da Associação Brasileira das Secretarias de Finanças das Capitais (Abrasf), realizado em Fortaleza.

Na ocasião, o economista classificou como “bravata” a proposta da equipe econômica de zerar o déficit primário em um ano. "Nós temos uma situação de endividamento do setor público insustentável, o que alimenta o déficit primário. Mas o tamanho do déficit primário não vai ser resolvido em um ano. Isso é altamente improvável, tangencia o pensamento mágico. Até porque o orçamento de 2019 já está feito", disse.

 

Por outro lado, Giannetti disse ter simpatia à proposta do governo de descentralização do Brasil. “Temos um poder muito concentrado no governo central. Mas as questões que realmente importam para o cidadão ocorrem nos municípios”, disse. "Eu vejo com muito bons olhos a disposição do governo do Bolsonaro para caminhar para um genuíno estado federativo no Brasil. A ideia básica é que o dinheiro público deve ser gasto o mais perto possível de onde ele é arrecadado. Não tem sentido o dinheiro ir para Brasília para depois voltar".

No mesmo sentido, Jurandir Gurgel, secretário de Finanças de Fortaleza e presidente da Abrasf, destacou, durante o discurso de abertura do evento, que "a partilha federativa de receitas, atualmente, é flagrantemente injusta, haja vista que a média dos últimos dez anos de carga tributária por ente federativo confirma que 69% do bolo fica com a União, 25% com os Estados e apenas 6% com os Municípios".

Sobre a expectativa para o novo governo, Gurgel ressaltou o papel da Abrasf na discussão das reformas que serão propostas, em particular a reforma tributária. "No andamento do governo estaremos diligentes, juntos nessa discussão que interessa todo Brasil", disse. "(O novo presidente) herdará um cenário de crise econômica e política grave a prolongada, que demandará uma agenda estratégica de reformas estruturais em face dos grandes desafios nacionais".

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