Conheça a trajetória do fundador do grupo J. Macêdo

O pioneirismo e investimento em diferentes segmentos da indústria marcam a trajetória de José Dias de Macêdo no mundo empresarial

Escrito por Redação ,

O empresário José Dias de Macêdo despede-se na madrugada desta quinta-feira (6) deixando um legado de pioneirismo no Estado e diversificação em sua trajetória. 

Oriundo da cidade de Camocim, interior cearense, ele fundou o primeiro moinho de trigo (Moinho de Trigo Fortaleza em 1955), o primeiro frigorífico industrial (Frigorífico Industrial de Fortaleza - Frifort em 1959)e a primeira cervejaria do Ceará (Cervejaria Astra em 1970), bem como a primeira fábrica de transformadores (Construções Eletromecânicas - Cemec em 1962) e a primeira de pneus do Nordeste (Fábrica de Pneus Tropical em 1976).

Origem

Com apenas 20 anos de idade, em 1939, iniciou uma representação comercial em Fortaleza, oferecendo uma variedade de produtos tradicionais, da manteiga mineira à madeira do Paraná.

Com a experiência positiva, resolveu enveredar ao segmento automotivo. Em 1947, associou-se a dois irmãos e trouxe a Jeep, da norte-americana Willys-Overland, com exclusividade para o Ceará. O resultado foi tão rentável que logo Macêdo passou a representar também Mercedes, Ford e Toyota em estados do Nordeste. 

Já em 1952 veio a oportunidade para obtenção da licença de importação de 80 mil sacas de farinha de trigo. Após dois anos, Macêdo ao lado de seus irmãos decidiram abrir uma indústria. Eles importaram os equipamentos para começar a processar sua própria farinha e montaram o Moinho de Trigo Fortaleza, cuja primeira nota fiscal de venda foi emitida em 11 de outubro de 1955.

Expansão

Pouco tempo depois, na década de 1960, novos moinhos foram adquiridos: Atlântico, em Niterói; Nordeste, em Maceió; Salvado, em Salvador e Fama, em Santos. Com esses novos negócios, a capital cearense passou a comercializar as farinhas de trigo Fortaleza e Jangada, em Salvador vendia a Baisa e MS, em Niterói tinha a Flor do Atlântico e, em Santos, a Fama. 

Na década de 1970 apostou em novos negócios. É o caso do Moinho Fortaleza, com o Plusmilho; do Moinho Fama com a pipoca instantânea; do Moinho Atlântico, com o Bentamix; e dos Moinhos Salvador e Nordeste, com o macarrão.

E em 1975, o Moinho Londrina passou a fazer parte da J.Macêdo, assim como as indústrias Brandini e Águia, em Alagoas e na Bahia, respectivamente. Com elas, a J.Macêdo ingressou de vez no mercado de massas e biscoitos.

Para se fortalecer nacionalmente no mercado de farinha de trigo, em 1979 substituiu as marcas regionais por uma única: Dona Benta, com a qual conquistou a liderança no segmento.

Já em 1990, lançou sua linha de pré-mistura para panificação e a Dona Benta em embalagem transparente. Nos anos seguintes, lançou a primeira farinha com fermento no Brasil e, em 1992, firmou acordo com a Gist Brocades para introdução no Brasil do Fermipan, o Fermento Biológico Seco.

No ano de 1998 decidiu amplicar a variedade de produtos e lançou novas misturas e a margarina Bentarina, além da expansão da linha Dona Benta. Em 2003, a marca carro-chefe ganhou itens dedicados a confeitaria profissional.

Foi em 2004 o início da operação com as marcas Petybon, Sol e Boa Sorte. Em 2009, adquiriu a fábrica de massas Chiarini, em Minas Gerais, e lançou a sua nova marca corporativa.

O ano de 2010 foi marcado pelo lançamento da Dona Benta como a primeira Farinha de Trigo embalada a vácuo. Quanto a 2013, foi o retorno do grupo ao segmento de panificação, com a sua linha profissional.

Atualmente, dezenas de produtos são feitos de suas marcas nacionais, como Dona Benta, Sol, Petybon e Brandini. Além disso, a J.Macêdo ainda atua com nomes regionais no segmento de Consumo nas categorias de farinhas doméstica, massas, misturas para bolos e biscoitos. É o caso das marcas Favorita, Águia e Boa Sorte.

Mais recente, em 2017, a J. Macêdo investiu na ampliação e modernização de suas unidades operacionais, além da construção do Farol do Mucuripe, em Fortaleza, e modernização do Sistema de Desembarque de Grãos no Porto de Salvador. No mesmo ano, foi homenagead com o Troféu Transparência 2017, um dos mais importantes prêmios da contabilidade brasileira.

Fronteiras

Legenda: Entrega da Ordem do Mérito (CNI)

Fora o Grupo J. Macêdo, José Dias de Macêdo atuou como Deputado Federal por três legislaturas (1959 a 1971) e Suplente de Senador da República, com dois mandatos (1971 a 1987), tendo assumido a cadeira de titular na última legislatura.

Para completar, integrou conselhos de empresas como a Cia. Vera Cruz de Seguros, o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e o Conselho de Autoridade Portuária do Estado do Ceará.

Todo o resultado da sua dedicação foi reconhecido mais de uma vez. Ao longo dos seus 99 anos de vida, ele recebeu destaques nacionais, a exemplo do Prêmio Tendência (Bloch), Empresário do Ano (CNI), Gente que Faz (Bamerindus), Líder Empresarial (Gazeta Mercantil), Sereia de Ouro (Grupo Edson Queiroz), a Medalha da Abolição e a Medalha Ivens Dias Branco (Governo do Estado do Ceará).

Legenda: José Macêdo no ano de 1976 na premiação Sereia de Ouro

E está também em seu legado, muitas frases rica de ensinamentos, como a resposta dada ao cartunista Mino, quando perguntou a que ele atribuía o seu sucesso empresarial. Ele disse:

"Costumo dizer que, além da obstinação pelo trabalho, procurei em toda a minha vida de atividade empresarial cercar-me de profissionais melhores do que eu".

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