Após queda, setor de venda direta espera fechar o ano com alta de até 3%

Em 2015, o setor movimentou como um todo R$ 46,3 bilhões. Nos anos seguintes, esse valor caiu para R$ R$ 45,8 bilhões (2016) e R$ 45,2 bilhões (2017).

Escrito por Folhapress ,

Após registrar queda no faturamento de 2016 e 2017, o setor de venda direta espera ter um aumento entre 2% e 3%, segundo dados da associação Brasileira de Vendas Direta (Abved).

Em 2015, o setor movimentou como um todo R$ 46,3 bilhões. Nos anos seguintes, esse valor caiu para R$ R$ 45,8 bilhões (2016) e R$ 45,2 bilhões (2017). A Abved vê como estabilidade, devido à alta registrada em 2013 e 2014, e os valores estariam retornando aqueles vistos antes da crise. 

"Assim como os demais setores da economia, a Abved acredita que o ano de 2019 será positivo para as vendas diretas. A tendência é de crescimento tanto em 2018 quanto em 2019, com o aumento da renda e da confiança do consumidor" explica Adriana Colloca, presidente executiva da Abevd.

Nos últimos anos, o total de revendedores também ficou estabilizado. Ao contrário do que se pode imaginar, o forte aumento do desemprego nem sempre faz com que mais pessoas buscassem a venda direta.

"A história tem mostrado que em momentos de taxa de emprego mais alta, há uma oportunidade maior para venda direta. Agora, momentos de crise aguda, como o que nós estamos vivendo, não ajuda", afirma Erasmo Toledo, vice-presidente de Venda Direta da Natura para o Brasil.

Com 1,7 milhão de consultoras atualmente, a Natura apostou no corte da sua base de representantes como forma de lidar com a baixa nas vendas entre 2014 e 2016.

A empresa manteve somente as vendedoras que traziam resultados. De acordo com a marca, no segundo trimestre deste ano, a produtividade das revendedoras cresceu 24% em relação a 2017. O uso do aplicativo também gerou um crescimento de 10% em produtividade.

"O que aconteceu é que teve um aumento muito grande na produtividade. Nós voltamos a crescer em 2017 e para 2018, a tendência é muito boa", diz Toledo. 

Já a Hinode viu sua base de consultores aumentar mesmo com a crise e desemprego. A marca deve fechar o ano com 775 mil representantes e R$ 2,7 bilhões em faturamento. De acordo com Eduardo Fraya, vice-presidente de vendas, o crescimento este ano foi de 18% e, para 2019, a expectativa é que cresça 11%.

Segundo Fraya, em períodos de pleno emprego "as pessoas ficam menos propensas a novas oportunidades". Para ele, a incerteza em relação à estabilidade financeira leva as pessoas a buscar fontes de renda secundárias.

De acordo com as marcas, o investimento em benefícios para as vendedoras porta a porta tem ajudado o negócio. A Natura investiu no aplicativo de pedidos (não consome a internet 4G, por exemplo) e exames e consultas médicas e odontológicas com preços reduzidos, por meio de um aplicativo e cartão pré-pago.

A Hinode criou um novo braço de negócios que passará a oferecer seguros de vida, carro e residencial com desconto para as consultoras.

Franquia para revendedoras chega a 195 unidades

O modelo dá "um banho de loja" em estabelecimentos que vendiam os itens da marca no formato pronta-entrega - sem precisar fazer o pedido pela revista.

Segundo Erasmo Toledo, vice-presidente de Venda Direta da Natura para o Brasil, o modelo faz parte da nova estratégia da empresa para atrair representantes de vendas no mercado cada vez mais concorrido da venda direta.

"A líder [de um grupo de vendedoras] passou a ter progressão de carreira, com remuneração diferenciada; as consultoras passaram a ter a possibilidade de crescimento, pois agora são diferenciadas nos níveis semente, bronze, prata, ouro e diamante. E aquelas com uma veia mais empreendedora podem abrir a franquia", afirma.

Fran Kouto é dona de duas franquias e planeja chegar a trinta em dez anos. Vendedora Natura há 12 anos, ela começou fazendo estoque dos produtos e improvisando uma lojinha numa moto, que depois virou caminhonete. Hoje, além das lojas tem um canal no YouTube onde dá dicas para novas revendedoras.

Ela conta que optou em investir mesmo durante a crise, pois "as mulheres não deixam elas não deixam de investir no prazer imediato da maquiagem".

Miriam Utsunomiya, 51, abriu no começo de dezembro a sua segunda loja, oito meses depois de inaugurar a primeira. Professora em cursos de graduação por 22 anos, ela mudou de carreira após perder o emprego em 2015.

Ela foi convidada pela responsável pela região de São Paulo onde ela atuava como revendedora há menos de um ano para conhecer as franquias. Miriam tem uma loja no Bom Retiro e abriu a segunda próxima à rua 25 de Março. Ao todo, emprega oito vendedores.

A Natura não divulga o quanto as revendedoras precisam investir para abrir a franquia. 

"É um valor meio alto", diz Miriam. Ela conta que a primeira loja já "se paga" mensalmente, mas que levará cerca de dois anos para reverter o investimento inicial em lucro. Fran também afirma que ainda não obteve o retorno do valor investido.

A marca permite que produtos de outras marcas, como Avon e Mary Kay, ocupem 20% da loja. 

De acordo com Toledo, a franquia "Aqui Tem Natura" não compete com as lojas próprias da marca, localizadas em shoppings. "Nas franquias, costuma ter mais espaço para os produtos do dia a dia, como sabonete, creme para o corpo, xampu e desodorante. Nas lojas de shopping, o destaque é na maquiagem e perfumaria", afirma.

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