Número de investidores do Ceará na Bolsa de Valores salta 60,22%

Recursos que cearenses detêm na B3, a Bolsa de Valores brasileira também cresceu e soma, atualmente, cerca de R$ 1,8 bilhão

Escrito por Bruno Cabral , bruno.cabral@diariodonordeste.com.br

Após crescer 17% em 2017, o número de cearenses investindo na B3 - a Bolsa de Valores brasileira - saltou 60,22% entre janeiro de 2018 e igual mês de 2019, chegando a 12.382 investidores pessoa física no fim de dezembro. Ao todo, os investidores do Ceará detêm R$ 1,80 bilhão na Bolsa, o que representou uma alta de 2,27% ante janeiro de 2018.

Com isso, o Estado responde, atualmente, por 0,79% de participação no mercado brasileiro de ações (R$ 226,99 bilhões), ocupando a 11ª posição entre as unidades da federação e a terceira do Nordeste, atrás de Pernambuco e Bahia.

Perfil

Segundo dados da B3, o número de investidores homens no Estado chegou a 9.276, alta de 49%, e o de mulheres 2.031, alta de 44%. No País, o número total de investidores cadastrados na Bolsa cresceu 31% no ano passado. Especificamente, a quantidade de homens registrou alta de 32% e o de mulheres alta de 26%. Ao todo, a Bolsa brasileira fechou o ano de 2018 com 813.291 CPFs cadastrados. "O mercado financeiro ainda é muito masculino, mas isso vem mudando. As mulheres vão passar a procurar mais a Bolsa", aponta Elísio Medeiros, sócio da Conceito Investimentos.

Cenário promissor

Mesmo com o expressivo crescimento nos últimos dois anos, a tendência é de que esse movimento em direção à Bolsa se intensifique neste e nos próximos anos. "Na medida em que as taxas de juros estão em queda, com a inflação nesse nível baixo, os investidores vêm buscando maiores remunerações", diz o economista Ricardo Coimbra.

Como a maioria das aplicações em renda fixa tem rendimento atrelado à taxa básica de juros (Selic) e à inflação, as empresas listadas na Bolsa passaram a se tornar atrativa, considerando o retorno potencial sobre o risco. Além disso, a perspectiva de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) para este ano, em torno de 2,5%, deverá impactar positivamente no desempenho das companhias, especialmente aquelas voltadas para o mercado interno.

"A tendência de inflação baixa deve permanecer nos próximos anos. O Governo deve provar algumas medidas e isso deve gerar reflexos, como os juros mais baixos", diz Coimbra. "Esse movimento que a gente vê no Ceará vem acontecendo também em outros estados. E as próprias corretoras dos grandes bancos estão começando a trabalhar de forma diferente, favorecendo essa migração de recursos da conta corrente para a conta das corretoras", completa.

Influência da Selic

Atualmente em 6,5% ao ano, a Selic projetada para o final de 2019 está em 7% ao ano e para os próximos três anos, a taxa básica deverá ficar em 8% ao ano, conforme estimativa dos economistas consultados pelo Banco Central para o relatório Focus. Já a inflação calculada pelo IPCA deverá ficar em 3,99% neste ano e, 4,00% em 2020, e 3,75% em 2021 e 2022. E o crescimento do PIB esperado para 2019 e para os próximos três anos está em 2,5%.

Medeiros acredita que o número de investidores da Bolsa de Valores deve crescer ainda mais até o fim deste ano. "O investidor está começando a acompanhar seus investimentos. Quando você tinha a Selic a 14%, qualquer investimento no banco rendia mais de 1% ao mês. Mas essa realidade já mudou há dois anos. Agora, a gente tem uma Selic muito baixa. Quando o investidor começa a acompanhar seus investimentos e ver que a rentabilidade dele diminuiu muito, ele começa a procurar alternativas para melhorar essa rentabilidade", avalia Medeiros.

Ele ainda aponta o comportamento do mercado como influenciador das ações do investidor, uma vez que, "como a Bolsa está muito em ascensão, tem notícia o tempo todo falando da Bolsa, automaticamente, o investidor começa a procurar mais informações para fazer alguma alocação, ou em um fundo de ações, ou montar sua própria carteira".

"Então, eu acredito que o número de investidores vai crescer muito até o fim do ano, principalmente se a reforma da Previdência for aprovada", afirma.

Opção de vantagem

"O mercado de capitais tem sido uma alternativa principalmente à caderneta de poupança. Se a Selic permanecer nesse patamar, e eu acredito que deva cair ainda mais, então a migração para o mercado de capitais deve acontecer de forma continuada. Por outro lado, as empresas deverão buscar mais a bolsa para captar recursos e se alavancar", diz Coimbra.

Para Elísio Medeiros, sócio da Conceito Investimentos, se a reforma da Previdência passar, a expectativa é de que o Ibovespa chegue a 125 mil pontos no fim do ano, o que representa uma alta de mais 40%. "Com isso, os investidores têm visto a possibilidade de aumentar seus rendimentos aportando um pouco do seu portfólio no mercado de ações", diz. Medeiros lembra ainda que apenas em janeiro a Bolsa subiu 14%. Os recordes são refletidos nas pontuações, que já chegaram a 98 mi0l neste ano, ancorados principalmente por ações de gigantes do varejo, bancos e Petrobras. A estatal não figura entre as que mais cresceram, mas está entre as mais negociadas

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