Novas tecnologias podem deixar País menos atrativo

Escrito por Redação ,

São Paulo. A quarta revolução industrial vai tirar o atrativo do custo baixo da mão de obra brasileira para as empresas, pois as novas tecnologias têm permitido que elas consigam "fazer mais do que antes, com menos pessoas, menos salários, menos dor de cabeça". A afirmação é de José Pastore, 82, um dos maiores especialistas brasileiros em relação do mundo do trabalho.

Também chamada de indústria 4.0, a quarta revolução industrial é o uso de tecnologia, com internet das coisas e robotização, para que as empresas otimizem sua produção por meio de coleta e análise de dados em tempo real.

Segundo ele, há o risco de que muitas multinacionais deixem de ver vantagem em operar no Brasil, que, além de permanecer longe da fronteira tecnológica, sofre com precariedade educacional crônica e com excesso de burocracia. Isso resulta em mão de obra mais barata e menos investimento em tecnologia, resultando em volume de recursos baixos para operar no Brasil, se comparado a outros países.

"A remuneração do ser humano tende a ser postergada ou reduzida em relação à remuneração do capital, e isso gera desigualdade. Isso é uma coisa séria para o Brasil porque muitas multinacionais vêm pra cá, assim como para outros países em desenvolvimento, porque o trabalho ainda é barato. Agora, com as novas tecnologias, o trabalho brasileiro, apesar de barato, se torna muito caro, porque você consegue fazer muito mais do que antes, com menos pessoas, menos salários, menos dor de cabeça", afirma, relatando que "muitas multinacionais começam a apresentar sinais de volta aos países de origem porque lá elas conseguem fazer mais quase sem trabalho".

Transformação

"A grande maioria dos empregos e do trabalho certamente passará por muita transformação em razão das mudanças tecnológicas. E isso aqui também tira o sono da gente, porque a pergunta é: 'Será que o país, a escola, a empresta estão preparadas para fazer o ajuste?'", afirma o economista. Pastore afirma a tecnologia não só destrói funções, mas cria também - "e a grande maioria dos empregos são transformados". Para isso, ele cita exemplos internacionais, como na Alemanha, onde os robôs chegam na mesma velocidade da criação de empregos.

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