Ministros divergem sobre o tabelamento de preços

Escrito por Redação ,
Legenda: Para o ministro da Agricultura, Blairo Maggi, o tabelamento tornou o frete muito caro
Foto: FOTO: AGÊNCIA BRASIL

Brasília. Em meio às discussões envolvendo a tabela de frete, um dos pontos negociados para pôr fim à greve dos caminhoneiros que paralisou o Brasil por 11 dias, os ministros do governo do presidente Michel Temer têm dado declarações divergentes sobre o posicionamento do Planalto para solucionar o impasse. Ontem (6), o ministro da Agricultura, Blairo Maggi, afirmou que a Agência Nacional de Transporte Terrestre (ANTT) vai rever a tabela de preços de frete divulgada após acordo do governo com caminhoneiros.

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"A ANTT vai buscar fazer uma readequação dos valores. Ninguém está querendo fugir do acordo que o presidente fez. Agora, que ele seja justo para todos os lados", disse Maggi. "O que precisa fazer são as contas. Ninguém vai romper nada".

A agência informou, na manhã dessa quarta, que publicará ajustes em breve, com "dados mais detalhados". Comunicou, ainda, que abrirá processo de consulta pública e que o assunto "vem sendo discutido como prioridade desde a semana passada". Para Maggi, o tabelamento tornou o frete muito caro e, sem uma revisão dos valores, pode haver impacto na inflação.

"Quem vai acabar pagando a conta é o consumidor, com inflação violenta que vai vir pela frente", disse. "Não pode, em um momento desse, desequilibrar todo o resto da economia em função de uma determinada categoria".

Frota

O que pode ocorrer, de acordo com o ministro, é que as empresas do setor agrícola decidam comprar seus próprios caminhões. "Esse negócio ficou fora de qualquer padrão. Subiu duas, duas vezes e meia o mesmo frete trabalhado antes da greve", disse. O ministro afirmou, ainda, que é contra a existência de uma tabela. "Sempre achei que não deve existir tabela, que deve ser mercado livre, mas já que tem uma tabela, que contemple os dois lados, que possa ser um ponto de partida para negociação de fretes", disse.

Manutenção

Apesar das declarações de Blairo Maggi, o ministro da Casa Civil, Eliseu Padilha, afirmou, também nessa quarta-feira, que a tabela do frete acordada com os caminhoneiros grevistas será mantida. Padilha admitiu, contudo, que poderão ser feitas correções apenas em casos de "erros ou omissões devidamente comprovados" por meio de ofício ou por iniciativa das partes interessadas. "A tabela será mantida. Erros ou omissões devidamente comprovados poderão ser corrigidos a qualquer tempo", disse.

Alterações

Segundo ele, alterações podem ser eventualmente realizadas após audiência pública da ANTT. A tabela de preços mínimos de frete foi publicada no último dia 30. Na avaliação de alguns dos setores envolvidos, como as transportadoras, o tabelamento do frete pode provocar distorções na economia.

Comissões

Nessa quarta-feira, o Congresso Nacional instalou três comissões mistas, compostas por deputados e senadores, destinadas a analisar medidas provisórias negociadas pelo Palácio do Planalto e representantes de caminhoneiros, em uma tentativa de pôr fim ao movimento grevista que gerou uma crise de desabastecimento no país.

Por se tratarem de Medidas Provisórias (MPs), as propostas negociadas estão em vigor desde a publicação no "Diário Oficial da União", mas precisam ser aprovadas por Câmara dos Deputados e no Senado Federal em até 120 dias, sob o risco de perderem a validade.

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