Meta da SDE é que economia cearense cresça a mais de 2% por ano

Vindo do Planejamento para a Secretaria de Desenvolvimento Econômico e Trabalho, Maia Júnior diz querer "chacoalhar" o Estado para acelerar o crescimento da economia, gerar mais empregos e ampliar a massa salarial

Escrito por Yohanna Pinheiro , yohanna.barros@diariodonordeste.com.br
Legenda: Em entrevista exclusiva ao Sistema Verdes Mares, Maia Júnior revelou parte dos planos para a SDE
Foto: Foto: José Leomar

A soma das riquezas produzidas pelo Ceará deve crescer a um ritmo superior a 2% por ano no decorrer do próximo mandato do Governo Estadual, caso sejam concretizadas as projeções do novo secretário de Desenvolvimento Econômico e Trabalho do Estado, Francisco Maia Júnior. Após configurar a nova estrutura da máquina estatal em dois anos no Planejamento, o gestor assume agora a responsabilidade de ampliar o desenvolvimento da economia cearense.

Apesar de o desempenho do Produto Interno Bruto (PIB) cearense depender, assim como o de outros estados, do ritmo da economia brasileira e também do mercado internacional, o secretário aponta ser necessário, primeiro, consolidar uma ambiência econômica favorável a investimentos. "Os investidores têm que perceber que há governabilidade, que há garantias para que os investimentos sejam respeitados e a lei seja cumprida", aponta.

Embora as estratégias para alcançar esse objetivo só sejam definidas até março, o secretário adianta que, além do crescimento econômico, a Pasta também terá como foco a ampliação das oportunidades de emprego no Estado e o aumento da massa salarial. "(Para fomentar o desenvolvimento econômico), é preciso também que a gente torne o Ceará mais igual, reduzindo a desigualdade. Inclusive, o governador deve lançar nos próximos dias, sob liderança da nova secretária Socorro França (Proteção Social, Justiça, Mulheres e Direitos Humanos), um novo projeto de combate à pobreza do Ceará".

Prioridades

Quatro polos de desenvolvimento devem receber atenção prioritária: a cadeia produtiva da saúde, da tecnologia e inovação, de energias renováveis e da Companhia de Desenvolvimento do Complexo Industrial e Portuário do Pecém (Cipp S.A). Na avaliação do secretário, o Estado precisa buscar outros potenciais econômicos e revitalizar os que têm. "Esses quatro polos, se a gente dinamizar rápido, teremos uma resposta mais rápida também", aponta.

As ações levarão em conta as diretrizes do projeto Ceará 2050 e também os resultados de uma consultoria contratada pela SDE na gestão passada. A economia da Saúde, por exemplo, composta por iniciativas como o distrito de inovação em saúde "Viva@Porangabussu" e Polo Industrial e Tecnológico da Saúde (PITS), no Eusébio. "Há uma estrutura bastante interessante que o Ceará não pensava há dois anos", aponta.

O segmento de tecnologia e inovação, impulsionado pela concentração de ligações de cabos de fibra ótica na Capital, é outro segmento que o Estado observa como de grande potencial. "Há possibilidade de desenvolver no Ceará uma indústria de conteúdo, explodir esse Estado de startups em cima de uma plataforma que está sendo captada, de grandes investidores que, inclusive, já estão no Ceará associados à Etice (Empresa de Tecnologia da Informação do Ceará) - Amazon, Google, Angola Cables, Softtek".

Outra preocupação do secretário é em retomar a posição de protagonismo do Estado no desenvolvimento e exploração de energias renováveis no País. "O governador já atraiu a Vestas, da área de turbinas, que é uma área de alto valor agregado, e temos que lutar para trazer também fábricas de painéis solares. As energias renováveis estão no meu calendário", aponta.

Não poderia ficar de fora a joia da coroa dos ativos do Estado - o Cipp S.A. Estabelecida oficialmente a parceria com o Porto de Roterdã. "Agora, não é mais só uma decisão de relação dentro do governo, ela tem que ser pactuada, onde a gente tem que cumprir os compromissos que assumimos com o Porto de Roterdã. Pela estrutura que eles têm, não tenho dúvidas que eles vão otimizar o que estávamos fazendo e, assim, alavancar a consolidação e a competitividade do Pecém".

Estruturação

Antes de pôr a mão na massa, Maia Júnior ainda precisa definir os objetivos e quadros para compor a estrutura da Secretaria - que se tornou mais robusta ao absorver as pastas de Agricultura, Pesca e Aquicultura e de Trabalho e Desenvolvimento Social, bem como suas respectivas empresas e autarquias vinculadas.

"Normalmente, eu não começo definindo pessoas, mas com o projeto, para depois encaixar as pessoas certas para os lugares certos. Dentro do conjunto da Secretaria, tem mais de 1.300 servidores. Será que não encontro? O que não falta nesse Ceará são talentos para liderar esse projeto comigo", destaca o secretário. Ele afirma que vai buscar quadros dentro da equipe existente, prioritariamente, e também fora, que ainda terão de ser validadas com o governador.

Para isso, o secretário vai realizar dois seminários - um para a elaboração do projeto da SDE e outro para a discussão do projeto de Governo na área econômica, que inclui também as pastas do Turismo, Desenvolvimento Agrário e Cultura. "Estou começando a ouvir segmentos empresariais e, a partir daí, vou fazer dois encontros para a gente delinear, através do diagnóstico que estamos fazendo, uma estratégia para o desenvolvimento econômico".

Ele aponta que, enquanto lidera sob o ponto de vista do agronegócio, indústria, comércio, serviços, inovação e trabalho, as outras pastas também exercerão um papel fundamental para o desenvolvimento econômico local. "O Turismo tem muita força no Ceará, a Agricultura Familiar é a maior base de empregados, e a Cultura está relacionada à economia criativa. Nós quatro temos que estar muito unidos, porque cada um tem um papel importante que se soma na economia", aponta.

Dessalinização: edital em breve

Esperado para o ano que passou, o edital para a construção da usina de dessalinização na Região Metropolitana de Fortaleza (RMF) pela iniciativa privada, sob responsabilidade da Companhia de Água e Esgoto do Ceará (Cagece), ainda deverá ser lançado, segundo o secretário Maia Júnior. Agora, as concessões do Estado serão de responsabilidade do novo titular do Planejamento, Mauro Filho.

"Eu deixei lá um trabalho, mas agora é com ele. Agora, se ele me disser que está vindo investidores de bens de capital para a dessalinizadora, por exemplo, aí sou eu que recebo", aponta. O investimento, segundo o governador Camilo Santana, deve chegar a cerca de R$ 600 milhões.

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