Mercado de cestas de frutas e verduras orgânicas cresce na Capital

Produtores e empreendedores articulam-se e criam um novo mercado em ascendência em Fortaleza, fazendo com que a produção sem agrotóxicos evolua, aumentando a safra e empregando mais pessoas

Escrito por Redação , negocios@diariodonordeste.com.br
Legenda: Na maioria das vezes, os pequenos agricultores não sabem o valor que seus produtos sem agrotóxico têm no mercado
Foto: Foto: Kárison Mesquita

A busca por um estilo de vida mais saudável tem se tornado premissa para um grupo cada vez maior de pessoas ao decidir quais produtos consumir, popularizando a preferência por frutas, legumes, verduras e derivados sem agrotóxicos. A demanda crescente tem beneficiado agricultores familiares e pequenos produtores, que têm buscado nas redes sociais uma ferramenta para vender mais.

O Sítio Tanques já trabalha com orgânicos há 25 anos, desde que Fernando Gleydson e o sogro, Hugo Machado, sócios da propriedade, começaram a plantar hortaliças. "Nunca plantamos com agrotóxicos e fertilizantes químicos. Sempre foi nossa escolha de vida. Queríamos levar a qualidade dos alimentos que entram na nossa casa para a dos clientes", diz Fernando.

A princípio, o local vendia apenas para estabelecimentos comerciais, como restaurantes, mas, de um ano para cá, começaram a atender amigos, familiares e, em seguida, consumidores em geral. Segundo Fernando, o número de clientes está em franco crescimento e a satisfação com a qualidade do serviço prestado tem sido decisivo para isso. "Nossa cesta padrão tem o valor de R$ 70 reais e o leque de produtos são personalizáveis conforme gosto e preferência do cliente", destaca Fernando.

"Nossa cesta padrão tem o valor de R$ 70 reais e o leque de produtos são personalizáveis conforme gosto e preferência do cliente"

Modelo de venda

No mercado há dois anos, a Eco Box é fruto da continuação de um trabalho que Mayara Porto já exercia na área da saúde. O modelo de trabalho, no entanto, é diferente. Enquanto que o Sítio Tanques produz os alimentos e distribui, a Eco Box compra os itens cultivados por agricultores familiares da serra da Ibiapaba e Guaraciaba do Norte, monta as cestas e vende. "Acreditamos que é importante esse tipo de cultivo e procuramos incentivar", afirma Mayara. Ela detalha que a divulgação é feita através das redes sociais, que contribuem de forma significativa para as vendas. Atualmente, o negócio beneficia 22 colaboradores.

Clientes optam por comodidade

Novas iniciativas

O modelo empregado por Mayara tem dado tão certo que novos negócios estão surgindo com a mesma base. É o caso do Sabores do Sítio, idealizado por Júnior Nunes, que está em atividade há apenas quatro meses na produção de alimentos não necessariamente orgânicos, mas "selecionados", pontua ele. No sítio de Júnior, no entanto, é produzido somente coco, jerimum, acerola e milho. O restante dos itens das cestas vêm de outros produtores. "Atualmente, nosso forte são as parcerias. O queijo é de Orós. O mel de Itatira. Ovos caipira e polpas de frutas de Aquiraz. Frutas, verduras e legumes da Central de Abastecimento do Ceará (Ceasa). Carnes de suínos, ovinos e aves de Boa Viagem. E assim vamos montando nossa linha de produtos".

Segundo o proprietário do negócio Sabores do Sítio, nestes quatro meses de trabalho já foram atendidos 130 clientes diferentes. "Também já estamos ampliando nossos serviços e já atendemos duas creches no Montese e Vila União", conta. Ele lembra ainda que 90% dos clientes buscam qualidade e comodidade por um preço justo e competitivo. Nunes lança uma cesta promocional com 20 itens todo mês, que pode ser personalizada. No entanto, cerca de 70% dos clientes compram sem fazer alterações. Os valores variam entre R$ 65 e R$ 70 com taxa máxima de entrega de R$ 8. A iniciativa emprega duas pessoas diretamente e outras dez de forma indireta.

Parceria com produtores

Quem também está chegando ao mercado ainda este mês é a La Feira. O projeto tem parceria com a Cooperativa Agropecuária de Produtores da Ibiapaba (Coapoi) que conta com 36 famílias de agricultores, empregando cerca de 160 pessoas direta e indiretamente, além de produtores na Serra de Baturité. O negócio foi idealizado pelas amigas e sócias Renata Capibaribe e Laís Leal, que têm como objetivo democratizar os alimentos orgânicos e deixar as informações sobre eles acessíveis.

"A intenção é que o movimento aumente, e estimule mais produtores familiares a se conectarem e se identificarem com a causa. Muitas vezes várias famílias de agricultores produzem alimentos puros da terra sem saber do seu real valor, sendo ele social, ambiental ou monetário", afirma Renata. Laís ressalta que há uma demanda crescente por orgânicos justificada por uma transição de estilo de vida das pessoas. Elas observam ainda que os produtos da cesta irão depender da sazonalidade dos alimentos. Além dela completa, a La Feira irá trazer uma cesta exclusivamente de frutas, para aqueles que (ainda) não consomem verduras e legumes.

 

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