Juros podem voltar a subir no fim do ano com inflação maior

A última reunião do Comitê de Política Monetária do Banco Central manteve a taxa básica em 6,5% ao ano

Escrito por Redação ,

O provável crescimento da inflação por conta dos reflexos do bloqueio das rodovias pelos caminhoneiros e também pela disparada do dólar podem adiantar para ainda este ano o aumento da taxa básica de juros (Selic), segundo avalia o economista Alex Araújo. “Nesse contexto, com a perspectiva de um aumento da inflação, há uma chance mais real de uma elevação dos juros ainda em 2018 dependendo do que virá”, afirma. 

Na última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), o Banco Central (BC) encerrou um ciclo de 12 cortes consecutivos da taxa Selic e manteve a 6,5% ao ano por conta da volatilidade do cenário externo, que causou forte desvalorização do real. No documento, o comitê informou que a taxa deve ser mantida no mesmo patamar nas próximas reuniões, mas pondera que a medida depende da evolução da atividade econômica, riscos e projeções. 

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Projeções

O último boletim Focus, entretanto, publicado na segunda-feira (4) pelo Banco Central, mostra que o mercado mantinha a projeção de 6,5% da taxa Selic para o ano de 2018 e de 8% para o próximo ano. 

Mas Araújo aponta que, entre outros fatores, os efeitos da greve dos caminhoneiros, que não tinha sido prevista, a volatilidade do dólar e o aumento do valor do transporte público em várias capitais podem pressionar a inflação, exigindo uma reação do Banco Central.

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Fatores

“Vai depender, em parte, da inflação do Brasil e da política de juros. Agora, a manutenção da taxa de juros em um patamar baixo animaria muito o consumo, ao tornar o financiamento de automóveis e de imóveis, por exemplo, mais acessível, criando, desse modo, um ambiente para retomada, mas se joga agora uma dúvida”, argumenta o economista. 

Conforme os dados contidos no Boletim Focus elaborado pelo Banco Central, a previsão do mercado para a inflação deste ano subiu de 3,49% para 3,65% em um mês. 

Com a disparada da moeda americana por conta das expectativas do mercado quanto ao desempenho da economia americana e a um possível aumento dos juros pelo Banco Central daquele país, o Fed, e pelas incertezas políticas nacionais, Araújo avalia ser impossível prever o comportamento da moeda sequer para as próximas semanas, devido à variedade de fatores e a instabilidade do cenário que afetam a cotação. 

Câmbio

“O Banco Central tem feito leilões de venda para segurar moeda, mas o risco é lá fora. Tivemos a eleição de um nacionalista na Itália, que engrossa o movimento pela dissolução do euro, tem essa questão do comércio internacional com o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que coloca lenha nas discussões. É um ponto de grande instabilidade e hoje fica muito difícil saber a direção que o câmbio vai tomar”, aponta. 

No boletim Focus da última segunda, a projeção do mercado financeiro para a taxa de câmbio no fim de 2018 subiu de R$ 3,48 para R$ 3,50 por dólar em uma semana. Há um mês, a expectativa era de R$ 3,37. Para o fechamento do próximo ano, a perspectiva avançou de R$ 3,47 para R$ 3,50 por dólar. 

PIB 

Na primeira edição do Focus após a greve dos caminhoneiros, o mercado financeiro reduziu o índice de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) de 2,37% para 2,18%, na quinta retração seguida da soma de todos os bens e serviços produzidos no País, e manteve a expectativa de alta em 3% para o ano que vem. 

Com o impacto do movimento de paralisação dos caminhoneiros, Araújo avalia que a variação deve ser puxada pelos exportadores, já que a economia interna deve permanecer menos aquecida. 

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