Indústria nacional cai 10,9%; pior retração desde 2008

Escrito por Redação ,
Legenda: Entre abril e maio, 24 dos 25 ramos industriais pesquisados pelo IBGE tiveram queda
Foto: FOTO: SAULO ROBERTO

Rio. O movimento de caminhoneiros que paralisou o País em maio fez a indústria brasileira recuar a patamares de 2003. Segundo divulgou o IBGE ontem (4), a produção industrial teve queda de 10,9% no mês em relação a abril, quando havia subido 0,8%. É o pior resultado mensal desde dezembro de 2008, durante a crise internacional, quando a produção recuou 11,2%.

Ainda assim, o resultado mensal veio acima da previsão de analistas consultados pela agência Bloomberg, de queda de 13,2% no indicador. Na passagem de abril para maio, 24 dos 25 ramos industriais pesquisados pelo IBGE tiveram quedas. Alimentos e veículos foram os mais afetados pelos protestos. Veículos automotores, carrocerias e reboques recuaram 29,8%. E a produção de alimentos perdeu 17,1% no período.

Considerando as quatro grandes categorias econômicas, houve quedas recordes em bens de consumo duráveis (-27,4%) e de semiduráveis e não duráveis (-12,2%). São os recuos mais intensos desde o início da série histórica, iniciada em 2012.

Os bens de capital tiveram queda de 18,3% no período. Os bens intermediários, matérias-primas como aço, celulose, produtos químicos e alguns alimentos, caíram 5,2%.

Segundo o gerente da Pesquisa Industrial Mensal (PIM) do IBGE, André Macedo, a paralisação de caminhoneiros afetou a indústria de várias formas. Algumas não conseguiram receber insumos, enquanto outras tiveram dificuldade de escoar sua produção. "A greve desarticulou o processo de produção em si, seja pelo abastecimento de matéria-prima, seja pela questão da logística na distribuição", disse.

Segundo o técnico do IBGE, o resultado negativo terá reflexo na produção geral do ano. Uma medida que mostra que o impacto se estenderá é resultado acumulado no indicador. De janeiro a abril, a alta acumulada na produção havia sido de 4,5%. Com a inclusão de maio na conta, desacelerou e foi para 2%.

As duas únicas atividades com crescimento em maio foram os ramos de coque, produtos derivados do petróleo e biocombustíveis (6,3%) e de indústrias extrativas (2,3%).

De acordo com Macedo, esses segmentos são menos dependentes de rodovias.

Outras bases

Na comparação de maio deste ano com maio do ano passado, a produção caiu 6,6%, recuo mais elevado desde outubro de 2013, quando houve queda de 7,3%, interrompendo 12 meses seguidos de altas. A previsão era de queda de 9,6%. No acumulado em 12 meses encerrados em maio, a produção registra alta de 3%, crescimento, contudo, menor do que o verificado no acumulado de 12 meses encerrados em abril, quando a alta havia sido de 3,9%. A redução na intensidade de crescimento interrompeu a trajetória ascendente iniciada em junho de 2016.

A mobilização nacional de caminhoneiros começou no dia 21 de maio e durou 11 dias. O impacto da paralisação foi sentido em todo o Brasil.

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