Indústria da reciclagem gira R$ 900 mi por ano no Ceará

Setor envolve cerca de 16 mil pessoas, que trabalham com 25 mil toneladas de diversos tipos de resíduos

Escrito por Redação ,

A preocupação com o meio ambiente nos últimos anos tem crescido junto com os sinais de alerta do planeta. Segmentos da indústria e construção civil já se movimentam no sentido de promover a inovação e a sustentabilidade. Diante desse cenário, o setor de reciclagem tem se desenvolvido gradativamente no Estado, chegando a movimentar R$ 900 milhões ao ano.

Cerca de 25 mil toneladas dos mais diversos materiais são reciclados em um mês, somando 300 mil toneladas/ano, segundo o diretor do Sindicato de Resíduos Sólidos, Domésticos e Industriais do Ceará (Sindiverde), Marcos Albuquerque. No Ceará, 16 mil pessoas trabalham de forma direta e indireta na reciclagem, contando apenas os empregados formais. Com o objetivo de promover os negócios no âmbito da reciclagem, acontece até hoje (28) a Exporecicla, no Centro de Eventos, em Fortaleza.

"A feira tem alguns vieses importantes como a capacitação de pessoal, promoção de máquinas mais novas e inovadoras, além de melhorar os processos de produção e promover a educação ambiental das população".

Segundo ele, a produção de reciclagem está crescendo no Ceará e o segmento tem iniciado um processo de desenvolvimento. "Estamos trazendo empresas de fora para atuar, como de reciclam de isopor, de pneus, de gesso. Quando se agrega, começa a crescer". Conforme Albuquerque, atualmente há no Estado 4 mil pessoas trabalhando diretamente com reciclagem, em regime formal. "Indiretamente, temos mais 12 mil, totalizando 16 mil. Contando os informais, esse número é bem maior, mas não temos como precisar. Cerca de 30% dos recicladores trabalham na informalidade".

O diretor ainda afirma que a principal dificuldade do setor é a inexistência de uma política nacional de resíduos sólidos. "No Ceará, os lixões são destino de quase todo resíduo produzido, sem uma devida separação. Dessa forma, nós não temos oferta de material para trabalhar e precisamos trazer alguns produtos de outros estados. Nós deixamos de movimentar R$ 200 milhões ao ano por conta dessa falta de política de destinação de resíduos. A partir do momento que tivermos algo mais definido e correto social e ambientalmente, nosso mercado vai crescer de forma substancial".

Indústria

A indústria cearense não fica de fora desse novo contexto de sustentabilidade. Na opinião do economista da Federação das Indústrias do Estado do Ceará (Fiec), Guilherme Muchale, o setor de reciclagem é estratégico para as empresas. "Os consumidores a cada ano estão valorizando esse lado sustentável. Esse desenvolvimento tecnológico também gira em torno da sustentabilidade, como a substituição de matérias-primas tradicionais por produtos inovadores retirados de materiais recuperados. É um setor que tende a apresentar um crescimento acima de 3% ao ano, que é a média de crescimento da indústria brasileira".

De acordo com ele, no Ceará 120 empresas atuam diretamente com a recuperação de produtos. "Sendo a maior parte ligada à recuperação de materiais plásticos, cerca de 45 indústrias. Na parte industrial, são gerados mais de 1,3 mil empregos formais. Alguns projetos tocados pelo Sistema Fiec visam o fortalecimento e a competitividade do setor, com um mapeamento que serve também como oportunidade de negócios".

Construção civil

Para o presidente do Sindicato da Indústria da Construção Civil do Ceará (Sinduscon), André Montenegro, a entidade tem a obrigação de orientar os associados sobre a separação e destinação correta dos resíduos.

"As construtoras são responsáveis por esses resíduos até que eles cheguem ao destino mais adequado. Para isso, contratamos uma empresa para fazer o transporte e a reciclagem. Mas a nossa orientação inicial é a não geração de resíduos, porque tudo que é desperdiçado é prejuízo, sem contar os gastos para esse tratamento dos materiais".

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