Hub tecnológico: fibra ótica em 80% dos municípios

Resultado reflete os esforços e os aportes realizados pelo governo e também pela iniciativa privada no setor

Escrito por Redação ,
Legenda: Data Center da Angola Cables, instalado em Fortaleza, terá papel importante para descentralizar o mercado no Brasil. O equipamento da empresa angolana conta com o primeiro cabo submarino do Atlântico Sul
Foto: FOTO: JOSÉ LEOMAR

Com o desenvolvimento do hub de dados no Ceará, o Estado já é o que possui a melhor cobertura de fibra ótica do Nordeste. Segundo o Relatório Anual da Anatel, cerca de 79,9% dos municípios cearenses (147 das 184 cidades) são atendidos pela tecnologia em 2017. O resultado repercute os esforços do Estado e da iniciativa privada em aportar investimentos na área com o intuito de estabelecer um centro de conexões das telecomunicações.

Atrás do Ceará, o estado de Alagoas possui 66,67% do território cobertos de fibra ótica. Em seguida, aparecem nesta ordem: Sergipe (65,33%), Pernambuco (56,76%), Bahia (53,72%), Maranhão (45,62%), Paraíba (34,98%), Rio Grande do Norte (32,34%) e Piauí (16,52%).

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Segundo o CEO da Megatelecom, empresa que oferece serviços personalizados na área de telecomunicações, Carlos Eduardo Sedeh, o Ceará teve uma iniciativa de redução de impostos que atraiu diversas empresas do segmento. "É uma iniciativa muito interessante que serve de modelo para outros estados brasileiros. Isso possibilita a inclusão de empresas menores, aumenta a base de contribuintes e a arrecadação. É um Estado em que este mercado se encontra bastante avançado com ramais submarinos que chegam ao Brasil a partir de Fortaleza, permitindo o desenvolvimento de forma muito rápida com um volume de informações de dados muito elevado", acrescentou.

Empresas

De acordo com o executivo, as empresas instaladas no Estado estão em patamares de mercado parecidos com o de São Paulo. "Saindo um pouco do Ceará e indo para o restante do Nordeste nós já verificamos uma expansão para outras capitais. Existe uma demanda muito forte em Fortaleza de empresas que estão expandindo os negócios para a Capital. Consideravelmente, Fortaleza já se tornou um mercado bastante promissor e competitivo", reforçou.

O Data Center da Angola Cables, na opinião de Sedeh, terá um impacto bastante positivo para o setor, tanto no Estado quanto no Brasil. "O equipamento é importante para o mercado se descentralizar. Ele está centralizado em São Paulo e com o Data Center as empresas vão levar as informações para Fortaleza. E isso é muito bom para o setor. É importante o investimento porque a cidade tem características que a tornam um hub de telecomunicações. É uma característica única", destacou.

Infraestrutura

O executivo afirmou que a infraestrutura atual está focada nos serviços e que não há discussão séria para melhorar a rede existente. "Hoje a gente não tem grandes iniciativas, salvo algumas pontuais, no sentido de melhorar a rede. Sem ter essa infraestrutura todo o marketing e a expectativa vão ser frustradas. A gente precisa voltar um pouco para essa discussão".

"Constantemente, temos ouvido falar sobre a rede de quinta geração, 5G, e o quanto revolucionará o País. Propagandas publicitárias e especulações têm gerando uma grande expectativa na população em adquirir novos produtos adeptos à futura e promissora tecnologia de transmissão. Mas a verdade é que, nossa infraestrutura não está preparada para isso", analisou.

Segundo Sedeh, "atualmente, a rede 3G não entrega por completo, em muitos lugares, a taxa de dados de 384 kbps (quilobit por segundo), a 4G ainda é uma questão de "puro marketing", pois não possibilitou uma experiência como deveria acontecer, com robustez. Já a 5G, precisa ser mais eficiente para dar conta, não apenas de uma grande quantidade de dados, mas também de um enorme número de dispositivos conectados simultaneamente".

De acordo com ele, o volume de dados deve crescer bastante nos próximos anos e que será preciso infraestrutura eficiente para atender as demandas. "O Ceará é um dos poucos estados onde a gente vê essa preocupação. Acredito muito no mercado de Fortaleza e no futuro deveremos abrir um escritório comercial na Capital", completou.

Diante dessa expansão do setor, nessa semana a Algar Telecom anunciou que vai realizar um investimento inicial entre R$ 9 milhões e R$ 10 milhões para instalação da rede de cabos para dar início aos trabalhos. Ao todo, a companhia já instalou 80 quilômetros (km) de cabos em Fortaleza, mas espera chegar à marca de 110 km de rede até o fim do mês de julho deste ano.

O investimento faz parte do planejamento da Algar para expansão no mercado no Nordeste, se valendo, em Fortaleza, da estrutura do Monet - cujo consórcio é dividido com mais três empresas: Google, Antel e Angola Cables. A ideia é chegar em todas as capitais da Região até o fim de 2018, integrando18 cidades nordestinas na rede de serviços da empresa.

Atendimento

Conforme o relatório da Anatel, no fim de 2017, 62% dos municípios brasileiros eram atendidos por backhaul com fibra óptica. "Entre 2015 e 2017, o número de municípios atendidos aumentou 13,7 pontos percentuais. No final do exercício, três Unidades da Federação (Distrito Federal, Rio de Janeiro e Santa Catarina) estavam 100% fibradas e o Estado com menor cobertura era o Piauí, onde 187 municípios - o equivalente a 16,5% - não estavam atendidos", informou o documento da Agência.

"As informações já disponibilizadas na lista de dados do backhaul foram obtidas junto a empresas e associações de prestadoras de serviços de telecomunicações que fornecem acesso de banda larga. A participação dos provedores regionais nesse levantamento é fundamental para identificar quais municípios já são atendidos, de maneira a evitar financiamento público desnecessário". Segundo o órgão, esse diagnóstico é importante de modo a subsidiar a construção de novas políticas públicas. 

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