Greve trouxe à tona debate sobre a reforma tributária

Presidente da Fiec disse que é preciso "reduzir despesas, eliminar excessos que devastam as finanças públicas"

Escrito por Redação ,

A greve dos caminhoneiros no Brasil, que chega hoje (31) ao seu 11º dia e ainda atinge diversos estados do País, incluindo o Ceará, expôs algumas fragilidades do modelo de desenvolvimento nacional e trouxe à tona diversos debates sobre o tema. Para o presidente da Federação das Indústrias do Estado do Ceará (Fiec), Beto Studart, provocar esse tipo de discussão tem sido a maior vitória da paralisação dos caminhoneiros.

"O movimento teve o mérito de trazer de volta a discussão sobre o nosso modelo de Estado, sobre o qual se faz urgente uma reforma tributária e, fundamentalmente, a reforma fiscal, reduzindo as despesas, eliminando mordomias e excessos que devastam as finanças públicas e a moralidade brasileira, enfim, diminuindo o tamanho do Estado. Assim, poderão ser criadas condições para que o Brasil possa ser competitivo, com o fortalecimento da educação, melhoria das universidades, habilitando os jovens para a economia de amanhã. Essa, sem dúvida, deve ser a pauta prioritária do próximo governo, pois o atual não terá mais força nem tempo para fazê-la. A greve, portanto, foi apenas o estopim de um quadro que estava em vias de explodir", disse, em nota, o presidente da Fiec.

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Studart destaca que tem acompanhado com atenção e também com preocupação o andamento da greve dos caminhoneiros e os seus reflexos para a economia do Brasil e em especial do Ceará.

"É preciso destacar que o setor rodoviário, principal modal responsável pelo transporte de cargas no País, vive uma crise que não é de agora, com muitas de suas empresas enfrentando sérias dificuldades para se manterem em operação. A grade de transporte rodoviário vivia este problema e não estava sendo vista ou ouvida por quem deveria. O que muitos segmentos da nossa indústria estão sentindo hoje, eles vinham sentindo há muito tempo", afirmou.

Alerta

O presidente da Federação das Indústrias do Estado do Ceará continua a nota afirmando que considera o movimento dos caminhoneiros "vitorioso por alertar à sociedade, ao governo e aos políticos, que chegamos à exaustão. É preciso entender o que está levando o Brasil a esta situação de dificuldade, quadro escancarado pelos caminhoneiros. Não podemos culpar a greve por este cenário que é conjuntural. A culpa é de todo esse quadro que privilegia a alta carga tributária, a corrupção nas esferas públicas de poder, a barganha na elaboração dos orçamentos. É isso que está gerando todo esse desequilíbrio".

Reflexos

O presidente da Fiec, destaca, contudo, que a greve dos caminhoneiros tem como reflexo uma situação de "calamidade" nas cidades brasileiras, tendo em vista o desabastecimento de produtos e os prejuízos acumulados pelo setor produtivo, que terá dificuldade de reverter essas perdas no curto prazo. "No Ceará, muitas fábricas estão sem condições de trabalhar e outras tiveram que criar alternativas para não parar por completo. O mais grave nisso tudo é que mesmo com o fim da paralisação, a volta à normalidade ainda leva tempo, aumentando os prejuízos e as dificuldades que já são enormes por conta da lenta recuperação da economia", destacou.

"É imprescindível que haja, nesse momento, sensibilidade por parte do movimento dos caminhoneiros e de outras categorias que queiram levar adiante ações do tipo, para entender que podemos estar levando o País a um caminho que será muito difícil a curto e médio prazo retomarmos a direção da recuperação econômica", conclui, em nota, Beto Studart.

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