Governo libera Embraer para negociar com Boeing

Escrito por Redação ,
Legenda: Após concretizado do negócio, a marca Embraer usada nos jatos comerciais deixaria de existir

Brasília. O governo brasileiro decidiu liberar a Embraer para negociar com a Boeing a criação de uma nova companhia na área comercial. Segundo uma fonte que acompanha as tratativas, o governo não deve interferir no que considera uma "etapa puramente empresarial". Segundo essa fonte, o governo só vai se posicionar quando for formalmente consultado.

De acordo com essa fonte, nos próximos dias deve sair um memorando de entendimento. O acordo entre as duas companhias foi anunciado no fim do ano passado e pode resultar na criação de uma terceira empresa, na qual a Boeing teria 80% de participação e a Embraer, 20%.

Comunicado

A Embraer confirmou, em comunicado enviado à CVM, que as duas empresas continuam mantendo entendimentos, "inclusive por meio do grupo de trabalho do qual o governo brasileiro participa, com vistas a avaliar possibilidades para potencial combinação de negócios, que poderá envolver a segregação das atividades de aviação comercial das demais atividades da Embraer (especialmente área de defesa e aviação executiva)".

"Neste contexto, os entendimentos entre as partes continuam avançando e, quando e se definida a estrutura para combinação de negócios, sua eventual implementação estará sujeita à aprovação não somente do Governo Brasileiro, mas também dos órgãos reguladores nacionais e internacionais e dos órgãos societários das duas companhias. Reiteramos que a companhia manterá seus acionistas e o mercado informados na medida em que o assunto em questão evolua", afirma o comunicado da Embraer.

Reunião

Na última terça-feira (3), o presidente Michel Temer reuniu-se com os ministros Raul Jungmann (Segurança Pública); General Joaquim Silva e Luna (Defesa); Sergio Etchegoyen (Gabinete de Segurança Institucional); e Tenente-Brigadeiro do Ar Nivaldo Luiz Rossato (comandante da Aeronáutica). Detentor de uma golden share (ação que dá direito a veto em importantes decisões) na Embraer desde a privatização, em 1994, o governo federal participou das negociações das duas empresas. Temer recebeu um panorama de como andam as conversas.

Ontem, o ministro da Defesa, Joaquim Silva e Luna, disse que o governo ainda não foi consultado sobre as negociações entre a Boeing e a Embraer. Ele deu a declaração após audiência pública na Comissão de Relações Exteriores da Câmara.

Médio porte

O interesse da Boeing é reforçar, com a aquisição, sua atuação na aviação comercial de médio porte, segmento no qual a Embraer figura entre as três maiores fabricantes mundiais. O acordo, que envolve a fabricação de aviões de 150 lugares, está em negociação desde o ano passado, quando a Airbus surpreendeu o mercado global ao anunciar a compra de 50,1% do programa de jatos comerciais da Bombardier.

Depois de concretizado o negócio com a Boeing, a marca Embraer usada nos jatos comerciais deixaria de existir, permanecendo apenas nas aeronaves produzidas pela Embraer Defesa, como o KC 390 e o Tucano. A proposta de associação prevê que Embraer Defesa detenha participação minoritária na receita da nova empresa, criada a partir da junção da Embraer com Boeing.

Os destaques das últimas 24h resumidos em até 8 minutos de leitura.