Governo acusa postos de cartel

Escrito por Redação ,
Legenda: Representantes do setor criticaram a declaração do governo e disseram que os postos "são meros repassadores" dos preços da Petrobras
Foto: FOTO: KLÉBER A. GONÇALVES

São Paulo/Fortaleza. O governo federal acionou o Conselho Administrativa de Defesa Econômica (Cade) contra um suposto cartel de postos de gasolina, que impediria que cortes de preços realizados pela Petrobras nos combustíveis chegassem ao consumidor final, disse ontem o ministro da Secretaria-Geral da Presidência, Moreira Franco, em sua conta no Twitter.

> Reajuste terá preço médio divulgado

"Queremos que a queda de preços da Petrobras chegue aos consumidores. Não podemos assistir de mãos atadas a atuação cartelizada das corporações do setor em prejuízo da população", afirmou.

A expectativa dele seria ter uma resposta do Cade ainda nesta semana, antes do Carnaval. Procurada, a assessoria de imprensa do órgão antitruste afirmou por e-mail que "até o momento não foi protocolada no Cade nenhuma consulta ou petição acerca do objeto descrito".

Na terça-feira (6), o presidente Michel Temer disse que o governo estuda uma fórmula jurídica para obrigar o repasse de reduções nos preços dos combustíveis às bombas. Em junho de 2017, a Petrobras deu início a uma nova política de preços para os combustíveis, autorizando a área técnica a promover reajustes diários. A estatal pretende disponibilizar diariamente o preço do litro da gasolina e do diesel vendidos pela companhia nas refinarias. Atualmente, a empresa divulga apenas os reajustes.

Outro lado

O assessor de economia do Sindicato do Comércio Varejista de Derivados de Petróleo do Ceará, Antônio José, criticou a postura do governo federal. "É mais uma declaração sem sentido do governo. O mercado é livre, os preços variam de acordo com os custos de cada posto. Se o governo tiver de acionar o Cade, deve olhar para a Petrobras, que é quem muda de preço todo dia. Os postos são meros repassadores de custos", disse.

José Alberto Paiva Gouveia, presidente do Sindicato Comércio Varejista Derivados Petróleo de São Paulo, questiona a nova medida para divulgação dos preços. "É irresponsável, vai colocar a população contra os donos de postos. A pessoa vai ver um preço divulgado pela Petrobras e vai achar que vai encontrar o mesmo valor no posto, sem considerar os impostos e custos", diz.

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