Gasolina dispara até R$ 0,30 nos postos da Capital e atinge R$ 4,59

O aumento do dólar nos últimos dias tem refletido no preço do combustível, que já teve um aumento de 7%

Escrito por Samuel Quintela - Repórter ,

Com a tensão política, a cotação do dólar está afetando com maior força o preço dos combustíveis comercializados em Fortaleza. Em pesquisa direta realizada nessa quarta-feira (29), pela reportagem do Diário do Nordeste, já era possível encontrar alguns postos vendendo o litro da gasolina por R$ 4,599, como a unidade da bandeira Shell na Avenida Pontes Vieira. Já no Bairro de Fátima, outro posto Shell ajustou, de terça para quarta, o valor de revenda da gasolina em 7,02%, subindo para R$ 4,57. Anteriormente, era cobrado R$ 4,27 pelo combustível, uma diferença de R$ 0,30.

> Maior valor desde o início dos reajustes diários
 
As flutuações são reflexo do valor de repasse do combustível, que vem sofrendo efeitos diretos da cotação do dólar depois que a Petrobras decidiu alterar a política de preços dos combustíveis das refinarias. A atual política - em vigor desde o ano passado - prevê reajustes dos combustíveis com maior frequência, inclusive diariamente, refletindo as variações do petróleo no mercado internacional e também das flutuações cambiais.

Nessa perspectiva, frentistas, de vários postos na Capital em que não houve alteração de preço na última semana, confirmaram que já há a expectativa de subida dos valores de revenda da gasolina nos próximos dias. Não há, contudo, data exata para o próximo aumento, ficando a cargo dos níveis de estoque em cada posto de forma isolada.

Arte

Variação

E com essa dinâmica heterogênea, a variação de preços para a gasolina em Fortaleza se aproximou de 8%, em 7,95%, considerando a pesquisa direta realizada ontem. O valor mais baixo para o combustível foi encontrado no posto Cauípe, da bandeira BR, na BR-116, onde a gasolina era vendida por R$ 4,26. A poucos metros dali, era possível encontrar também uma unidade da Ipiranga, revendendo gasolina por R$ 4,269. O motivo mencionado pelos funcionários do local era justamente a concorrência na região.

Os valores mais elevados encontrados pela reportagem na manhã de ontem (29), no entanto, não estavam tão distantes um do outro. No cruzamento da avenida Pontes Vieira com Rua Visconde do Rio Branco, dois postos, ambos da Shell, revendiam o litro da gasolina por valores praticamente idênticos: R$ 4,599 e R$ 4,59.

Valor médio

Dos 12 postos visitados pela reportagem, sete deles estavam aplicando preços abaixo do patamar de R$ 4,30, mas o valor médio acabou ficando em R$ 4,363. A diferença foi causada pelas unidades acima do patamar de R$ 4,40. O posto Servi 100, da bandeira BR, localizado na Avenida Desembargador Moreira, por exemplo, estava vendendo gasolina por R$ 4,49.

Destoando da curva, um posto da bandeira Fan, recorreu a uma promoção inusitada para atrair clientes. Localizado na Avenida João Pessoa, entre a unidade do Sine/IDT do bairro Parangaba e do Instituto Municipal de Pesquisa Administração e Recursos Humanos (Imparh), o estabelecimento estava vendendo gasolina a R$ 4,10, somente em dinheiro. Para ajudar na divulgação do preço promocional, duas funcionárias estavam paradas em semáforos próximos, segurando cartolinas com o anúncio dos preços mais baratos escritos em pincel.

Posicionamento

Procurado para comentar as variações de preço de combustível na Capital, o assessor econômico do Sindicato do Comércio Varejista de Derivados de Petróleo do Estado do Ceará (Sindipostos-CE), Antonio José Costa, disse que "só poderia dizer que o mercado de combustíveis é livre, a Petrobras reajusta os preços dela para as refinarias quando quiser e o varejo vai se ajustar a estas adversidades".

Opinião do especialista

Volatilidade será repassada a outros preços

Ricardo Eleutério
Economista e professor da Unifor

Essa nova forma de reajuste dos combustíveis da Petrobras tem produzido muita volatilidade, até porque ela acompanha o preço do barril de petróleo e do dólar no mercado exterior. Então, assim, essas variações, como a do dólar, que vem subindo constantemente aqui no País vão, sim, pressionar o preço do combustível e isso pode afetar o Índice de Preços ao Consumidor (IPCA), que é o índice que mede a inflação brasileira, até porque temos os reabastecimentos de estoque feito de forma rodoviária, em vários setores do mercado. Como vimos na greve dos caminhoneiros, ainda somos muito dependentes desse modal, então, sim, esse aumento da gasolina tem um componente inflacionário considerável. E ainda temos o quadro eleitoral, então nós podemos ter mais aumentos na cotação do dólar, já que nas previsões pessimistas o dólar comercial pode fechar 2018 com a cotação entre R$ 4,20 e R$ 4,50, e isso tem muito peso.

Os destaques das últimas 24h resumidos em até 8 minutos de leitura.