Fundo de ações é opção para menos experientes

Administrado por um gestor que conhece bem o assunto, os fundos são uma forma de começar a aplicar na Bolsa

Escrito por Redação ,
Legenda: No longo prazo, os investimentos em renda variável, em geral, têm um retorno financeiro superior ao de outras aplicações
Foto: FOTO: JL ROSA

Após cerca de quatro anos investindo em aplicações conservadoras, como a caderneta de poupança e CDB (Certificado de Depósito Bancário), o advogado Geraldo Lemos Filho, de 31 anos, decidiu há pouco mais de cinco meses alocar parte do seu capital em ações. Sem experiência nesse tipo de investimento, o advogado optou por aplicar em fundos de ações. "Acredito que essa é uma forma interessante de você entrar no mundo das ações. Porque o fundo tem um gestor, que conhece mais do que você, analisando as empresas e administrando aqueles recursos", diz. "Então, posso dizer que fui evoluindo. Comecei na poupança, fui para o CDB e hoje estou na renda variável".

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Segundo Geraldo, uma das motivações para migrar para a renda variável foi a queda dos juros, que reduziu a rentabilidade dos seus outros investimentos. "Continuo investindo em fundos de renda fixa com liquidez diária, para o curto prazo, em títulos do Tesouro Direto, para médio prazo, e agora, por esse questão da queda dos juros, coloquei 20% do capital em fundos de renda variável, pensando no longo prazo".

Logo após aplicar nos fundos de investimento em ações (FIA), Geraldo diz que houve uma repentina desvalorização das cotas, mas que a valorização no fim de 2017 e início deste ano mais do que compensou as perdas. "Nesse pouco tempo, já deu para perceber o potencial de ganhos na renda variável. Oscila bastante, mas no longo prazo a tendência é que o rendimento supere os outros investimentos", diz.

O advogado diz que, enquanto investe no fundo de ações, pretende se aprofundar mais no mercado de ações, estudando o comportamento das empresas para então poder escolher individualmente as ações que pretende comprar. "Vou correr esse risco quando entender melhor o mercado", afirma.

Adesão

Segundo Zeina Latif, economista-chefe da XP investimentos, maior corretora de pessoas físicas do Brasil, a baixa adesão dos brasileiros ao mercado de ações, na comparação com mercados desenvolvidos, se deve a fatores como a falta de educação financeira, a turbulências econômicas, e ao longo histórico de taxas de juros elevadas.

"Tudo isso gera uma percepção de que investimento em bolsa não é coisa de profissional. A gente não conseguiu gerar essa segurança para os investidores. É muito mais fácil você deixar os seus recursos na renda fixa, na poupança, ou com o gerente do banco", ela diz.

Interesse crescente

Entretanto, conforme o mercado brasileiro vai amadurecendo, Latif diz é natural que o interesse na Bolsa tenda a crescer. "Acredito que a gente está avançando nessa agenda de ter um país com uma economia mais madura, com juros de um dígito, inflação sob controle, com menos volatilidade. Com isso o mercado de capitais tende a crescer, com mais pessoas e empresas participando. Há muito dinheiro na mesa", afirma.

Para Raul dos Santos Neto, presidente do Ibef Ceará, a cultura imediatista do brasileiro também contribui para afastar o público em geral do mercado de capitais. "As pessoas que estão dentro do mercado de ações precisam ter o timing certo de realizar o ganho", diz.

"Além disso, nos mercados maduros, como dos EUA, Alemanha, Inglaterra, você tem pessoas aposentadas que vivem de dividendos das empresas, não ficam comprando e vendendo ações. O brasileiro ainda se sente muito inseguro quanto à longevidade das empresas. O índice de mortandade das empresas é alto. No Ceará, são pouquíssimas empresas com mais de 40 ou 50 anos", finaliza. 

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