Fim do ano é o momento de rever gastos e metas

Dezembro vai terminar com milhões de inadimplentes. O último balanço do SPC contou mais de 63 milhões. Para sair do vermelho, especialistas dão dicas de como diagnosticar os maiores gastos e equilibrar as finanças antes de 2019

Escrito por Camila Marcelo , camila.marcelo@diariodonordeste.com.br

A conta bancária de milhões de brasileiros ficará no vermelho no fim de 2018. E como nem todos os salários acompanham a alta dos preços de produtos e serviços, o desequilíbrio financeiro das famílias deve se tornar mais acentuado. Segundo o presidente da Associação Brasileira de Educadores Financeiros (Abefin), Reinaldo Domingos, todos os gastos subiram, em média, de 20% a 30% no ano, enquanto a receita familiar não passou dos 3% de aumento. Para completar, muitos ainda tiveram redução em seus salários. Devido a perda do emprego, na recolocação, muitos passaram a ganhar menos.

E na balança de gastos e receitas, para conseguir o equilíbrio, a orientação básica é poupar cerca de 10% a 20% da renda. Porém, mais do que separar uma porcentagem do salário de maneira avulsa, sem metas definidas, é importante atrelar a economia à alguma motivação, para além das reservas emergenciais, seja em curto, médio ou longo prazo. Assim, com o sonho em mente, é chegada a hora de fazer o diagnóstico financeiro.

Planejamento

Desde as despesas fixas como contas de água, luz e telefone, até as compras mínimas e supérfluas, anote tudo. Durante 30 dias, a recomendação é registrar o consumo por categoria, seja farmácia ou supermercado, por exemplo. Não esquecendo, inclusive, de pôr o valor integral do gasto, mesmo que tenha sido pago a prazo, e também a parcela de uma compra antiga no carnê ou cartão. Ao fim de um mês, tendo a planilha em mãos, será possível identificar quais os principais gastos da casa e colocá-los na equação ao lado da remuneração e dos valores necessários para os desejos futuros, como viagem ou compra do carro próprio.

Economias

Para fechar a conta no azul, é preciso muito planejamento e poupança. De acordo com Reinaldo Domingos, é possível "ganhar" (ou deixar de gastar no mês) 30% só cortando os excessos, desde os itens básicos do lar, como energia, até gastos com lazer e vestuário. Além de reduzir gastos extras, vale concentrar os vencimentos das contas perto do recebimento do salário, com cinco a dez dias no mínimo de distância, para garantir que, caso haja atraso, o dinheiro vai entrar a tempo de pagar as dívidas.

Quanto a pagamentos à vista, para obter descontos, é preciso calcular se haverá mesmo vantagem nessa operação. Segundo orienta o mestre em economia Ricardo Coimbra, apenas é válido se o abatimento superar o rendimento do valor pago na conta. Para saber ao certo essa matemática, a dica é acompanhar periodicamente a conta bancária e os rendimentos.

Sistema a favor

Se o preço for o mesmo, independentemente da forma de pagamento, ainda mais se não houver juros embutidos, a dica é optar pelo parcelamento para manter o dinheiro aplicado. Por isso, o lembrete é deixar sempre a conta com remuneração automática.

Outro recurso é não se descapitalizar inteiramente. Isso significa, por exemplo, não adiantar parcelas do cartão ou carnês. Só se houver um grande desconto. Segundo Reinaldo, com dinheiro em mãos, ter poder de compra é mais importante do que o bem de fato em seu nome.

Como ele diz, "é usar o sistema a seu favor". O mesmo vale para escolher a data de compras com maior valor. Se a fatura do cartão fechar no dia 15, por exemplo, escolha comprar próximo da data, cinco dias antes do fechamento. "Na verdade, o consumidor está ganhando prazo de 35 dias da compra que fez hoje no cartão. Com isso, aquele dinheiro que iria se descapitalizar, fica aplicado e se ganha 0,5%. Isso é uma sabedoria".

Sobre potencializar o poder de consumo, a melhor economia é proteger o que está guardado. A recomendação é fazer um investimento adequando-o para a previsão da realização do sonho: curto (um ano), médio (um a dez anos) ou longo prazo (acima de dez anos).

Entre corte de gastos e investimentos, isso não significa optar sempre por promoções. Muitas vezes, os preços mais baixos podem ser armadilhas de economia. No entanto, os especialistas aconselham a responder, com toda a sinceridade, duas perguntas antes de realizar cada compra: "eu preciso?" "Posso comprar?" Se a resposta for sim para as duas, vá sem medo!

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