Experiência em educação financeira no CE é modelo para o exterior

O projeto estimula o conhecimento de jovens há 2 anos nos municípios de Beberibe, Pindoretama e Cascavel, e será levado como exemplo para cidades do Chile por parceiros internacionais

Escrito por Redação ,

Tema difícil e que até os adultos não dominam, a educação financeira está tornando-se familiar para jovens do interior cearense. Um projeto que usa jogos de tabuleiro e cartas já levou lições de como lidar com o dinheiro no dia a dia a mais de 90 escolas públicas de Beberibe, Cascavel e Pindoretama, atendendo cerca de 20 mil estudantes. Agora, a experiência será levada a Santiago do Chile, em março de 2019.

Representantes chilenos e do Brasil tiveram a oportunidade de ver as atividades acontecendo na prática, em sala de aula, incluindo as reuniões com os professores, diretores das escolas e o órgão de educação do Estado. O projeto é feito em parceria com o Bank of America Merrill Lynch e com o Instituto Brasil Solidário, e tem passado por etapas de planejamento a fim de ser expandido para fora do Brasil. 

“Essa visita às atividades no Ceará foi muito importante, pois, além do diálogo com os educadores, nós pudemos também entender o trabalho de acompanhamento e medição de impacto que vem sendo realizado pelo Instituto Brasil Solidário. Nós vimos a importância de acompanhar todo o processo bem de perto junto às escolas, e queremos aplicar esse mesmo modelo no projeto piloto no Chile”, ressalta Gabriela Ferrai, coordenadora da Junior Achievement America – instituição que será responsável pela implantação das ações de educação financeira no país latino. 

Investimento

Para ser realizado no Ceará, foram investidos R$ 700 mil em formação e materiais para aplicação dos jogos nas salas de aula. O projeto começou de forma gradativa nos três municípios do Estado, oferecendo recursos para que as escolas pudessem pôr em prática os jogos, seja doando material ou formação para os professores. As ações começaram a funcionar efetivamente depois de algum tempo. 

“Começamos em Cascavel, Beberibe e Pindoretama. Teve uma parcela das escolas que recebeu tudo, outra ganhou somente os jogos. Agora, todo mundo teve as mesmas oportunidades. A gente conseguiu provar que os jogos tiveram bons resultados interessantes”, afirmou Luis Salvatore, presidente do Instituto Brasil Solidário.  Durante os dois anos de ações no Ceará, 700 educadores da rede pública receberam instruções para aplicar os jogos com os alunos e têm o objetivo de estimular o conhecimento sobre organização financeira, principalmente reforçando os conceitos de “poupar” e “investir”. 

Expansão no Ceará 

O objetivo dos idealizadores para o próximo ano, segundo o Instituto Brasil Solidário, é fazer com que o número de crianças que participam do projeto chegue a 100 mil. Para isso, os municípios de Crateús, Sobral e Tamboril serão incluídos no programa.

Outras três cidades devem entrar nesta lista, mas ainda não foram definidas. No entanto, outros estados do Nordeste, como Bahia e Piauí, além do Pará, na região Norte, devem levar essa metodologia de aprendizado às suas escolas públicas. O financiamento das iniciativas é privado, mas a organização tenta que isso não impeça as prefeituras de apoiarem, de forma compartilhada, as ações. 

Como funciona

Nas escolas, os professores atuam com dois grupos de estudantes em duas fases: crianças menores de 10 anos e jovens a partir de 11 anos. A primeira etapa, aplicada em crianças de 6 a 10 anos, ensina aos alunos a poupar e a ter responsabilidade com contas, por meio do jogo de tabuleiro “Piquenique”. Já a segunda, usada com jovens de 10 a 14 anos, orienta noções de investimentos e empreendedorismo, com o jogo de cartas “Bons Negócios”. 

Durante a aplicação dos jogos em sala de aula, os professores vão modificando a metodologia, de acordo com a interpretação dos alunos e percebem que o comportamento dos estudantes também melhorou. “Os idealizadores do projeto recebem um feedback nosso e vão modificando o que é preciso. Os meninos estão trabalhando até questões de ansiedade e tendo um rendimento melhor”, conta Vicente Melo, coordenador pedagógico da Escola Luis Pacheco do Amaral, em Cascavel.

“Além de educação financeira, nós ensinamos consumo inteligente, ética, raciocínio lógico, enfim, muitas coisas, até problemas como ansiedade. Esses conhecimentos foram incorporados em outras matérias escolares na grade dos alunos. Estamos preparando os alunos para a vida”, afirma o presidente do Instituto Brasil Solidário.

Uma avaliação feita neste ano pelos formadores aponta que 77% das escolas que receberam as iniciativas melhoraram os índices de conhecimento em educação financeira. Depois que concluírem todas as etapas do projeto, os alunos terão um acompanhamento do Instituto Brasil Solidário ao iniciarem o ensino médio, dando continuidade no aprendizado.

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