Etanol ainda não é competitivo, mas venda salta 42% no Estado

Os recentes aumentos no preço da gasolina têm feito mais cearenses optarem por outros combustíveis

Escrito por Redação ,
Legenda: Pesquisa da ANP mostra que o valor do litro do etanol em Fortaleza custa R$ 3,57. Para ser competitivo, o preço teria de ser R$ 3,03
Foto: FOTO: SAULO ROBERTO

O alto valor da gasolina - cujos preços têm aumentado em razão da valorização do dólar - e a política de reajustes diários da Petrobras tem feito muitos consumidores cearenses optarem pelo etanol. Como resultado, as vendas do combustível no Ceará dispararam 42,1% até junho deste ano, segundo dados da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP). No entanto, abastecer com etanol segue sendo desvantajoso no Estado e também na Capital.

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De acordo com Pedro Lion, engenheiro da Cobli - empresa de soluções para veículos automotores - só vale a pena abastecer com etanol se o preço dele estiver até 70% do valor da gasolina. Em Fortaleza, segundo levantamento da ANP, o preço médio do litro da gasolina estava em R$ 4,336 no período de 19 a 25 de agosto. Já o litro do álcool custava R$ 3,573.

Pelos cálculos, em que o consumidor multiplica o preço da gasolina por 0,70, não compensa abastecer com etanol na Capital, uma vez que o valor resultante dessa operação é de R$ 3,0352 (preço limite do álcool para compensar sua compra em relação à gasolina).

No Estado, tomando como referência essa operação, também não é indicado abastecer com etanol. Em todo o Ceará, de acordo com a ANP, o litro da gasolina custava na semana de 19 a 25 de agosto R$ 4,405. Logo, multiplicando esse valor por 0,70 o preço máximo do álcool deveria ser de R$ 3,0835. No entanto, o valor médio no levantamento aponta para um preço de R$ 3,601 para o litro do etanol.

"É preciso ficar atento a esse cálculo porque tanto gasolina quanto álcool têm aumentado bastante nos últimos tempos no País. Se você pagasse a mesma coisa pelos dois aí sim o álcool estaria saindo mais caro. Porém, o preço dele é mais barato. Neste caso, é necessário realizar esse cálculo para verificar se compensa um ou o outro", alerta Lion.

Segundo ele, a grande diferença entre os dois combustíveis é a facilidade de aquisição. "Um fica no petróleo, em terra profundas. E o outro é uma energia renovável da cana-de-açúcar. Aqui no Brasil por conta do clima tropical, a gente tem a facilidade de produção de etanol. Inclusive 27,5% de álcool está na gasolina e os veículos já estão preparados para receber os dois combustíveis", explica.

Lion também afirma que dentro do motor dos carros os dois combustíveis queimam, praticamente, da mesma forma. "A grande diferença é que o etanol é mais energético quando explode. Os condutores percebem isso porque o consumo de álcool é mais rápido. O quilômetro por litro com etanol é menor".

O engenheiro também observa que a queima do álcool é muito menos agressiva do que o mesmo processo da gasolina. "Depois da queima desse combustível eles explodem da mesma forma com energias diferentes. Porém quando o etanol é queimado agride menos o meio ambiente que a gasolina".

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Comercialização

Segundo informações da ANP, até junho deste ano, as distribuidoras venderam no Ceará mais de 13,4 milhões de litros de etanol. O número representa uma alta de 42,1% em relação ao mesmo período do ano passado.

As distribuidoras comercializaram no Estado mais de 1,3 bilhão de litros de gasolina. No entanto, o valor é 33% menor na comparação com os primeiros seis meses de 2017. Lion acredita que a política de preços da Petrobras influenciou o consumo dos combustíveis no País. "Nos últimos meses, a gente viu um aumento considerável de preços tanto da gasolina quanto do álcool. Os combustíveis não mudaram (composição), mas os preços subiram", acrescenta.

Sindipostos

O Sindicato do Comércio Varejista de Derivados de Petróleo do Ceará (Sindipostos-CE) ressalta que o mercado é livre e que os postos de combustíveis têm liberdade de decidir sobre os preços dos produtos. A entidade afirma que a tendência para as próximas semanas é de alta nos valores dos combustíveis na bomba. A explicação é o aumento do dólar que segue acima dos R$ 4.

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