Estado ganha 21,5 mil vagas formais em 2017

Dados do Ministério do Trabalho revelam que mulheres ganham, em média, R$ 194,51 a menos que homens

Escrito por Ingrid Coelho - Repórter ,
Legenda: Os concursos públicos ajudaram a impulsionar o número de empregos no setor de Administração Pública, que encerrou o ano de 2017 com quase 35 mil empregos a mais na comparação com 2016
Foto: FOTO: SAULO ROBERTO

Com forte participação dos empregos gerados gerado pelo setor público, o Ceará encerrou o ano de 2017 com 1.464.948 empregos formais, 21.583 a mais na comparação com 2016 (1.443.365) De acordo com os dados da Relação Anual de Informações Sociais (Rais), divulgada nessa sexta-feira (28) pelo Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), em números relativos, o Estado apresentou avanço de 1,5% - dado acima da média do País, que teve crescimento de 0,5% no período.

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A Administração Pública foi principal destaque em 2017. No ano passado, foram 404.399 empregos formais no setor, 34.61 a mais que os 369.758 em 2016, conforme os dados da Rais. Além da Administração Pública, os Serviços Industriais de Utilidade Pública (SIUP) - empregos ligados ao fornecimento de serviços essenciais à população como fornecimento de água e energia, por exemplo - também tiveram saldo positivo de vagas formais entre 2016 e 2017, com 506 postos de trabalho. O setor de Serviços encerrou o ano passado com 311 vagas a mais no mercado formal na comparação com 2016. A Agropecuária ficou com 15 postos a mais.

Em contrapartida, quatro setores da economia cearense apresentaram queda em 2017. A Indústria de Transformação ficou com 6.488 postos a menos e a Construção Civil perdeu 5.249 vagas na comparação com 2016, seguida pelo Comércio (-1.855) e pela Extrativa Mineral (-298). Para o economista e técnico do Departamento Intersindical de Estudos Socioeconômicos (Dieese), Ediran Teixeira, os números revelam que, de um modo geral. Houve desemprego na iniciativa privada. "A economia ainda está vivendo do que o estado emprega. Isso é muito ruim, porque significa que os investimentos privados ainda não voltaram".

Ele avalia que é preciso uma reavaliação das políticas de estímulo à iniciativa privada para que seja retomado o investimento. "A produção não retomou o crescimento, a indústria ainda está decadente. Por isso o mercado de trabalho não reage no setor privado", diz Teixeira.

Ele acredita que os concursos públicos em âmbito municipal e estadual foram responsáveis por impulsionar os números de vagas formais no Ceará em 2017. "Foi realmente a iniciativa do setor público, no Município e no Estado, com a contratação de policiais, que fez com que esse saldo crescesse. Se você analisa os 35 mil empregos do setor público e considera o saldo de 21 mil, significa que o setor privado demitiu 14 mil pessoas", diz, acrescentando ainda que é importante levar em consideração o efeito base da pesquisa. "É um crescimento muito pequeno, porque a gente compara com uma base muito ruim, que é 2016", detalha.

INFO

 

Diferença salarial

Ainda de acordo com os dados da Rais 2017, os homens são maioria no mercado de trabalho formal. De 1,4 milhão, 807,7 mil trabalhadores (55,1%) são homens, enquanto as mulheres respondem por 657,1 mil. O estoque era composto principalmente por vagas formais para pessoas com até o ensino médio completo (752,7 mil) e para trabalhadores com ensino superior completo (328,2 mil).

Além de serem a maioria no mercado de trabalho, o levantamento divulgado pelo Ministério do Trabalho revela que os homens no Ceará ganham mais que as mulheres. Uma pessoa do sexo masculino com ensino superior completo, por exemplo, recebia R$ 5.949,98, enquanto uma mulher nas mesmas condições era remunerada com R$ 3.847,93. Considerando a média de todos os níveis de instrução, os homens ganham R$ 2.335,27 - R$ 194,51 a mais que as mulheres, que no geral recebem R$ 2.140,76.

"Historicamente, as populações mais vulneráveis como jovens, negros, idosos e mulheres, por exemplo, são as mais atingidas pela crise. As mulheres historicamente sempre ganharam menos. Coma retomada do crescimento no mercado de trabalho em 2014, a mulher reduziu um pouco essa distância. Quando a crise começa, elas são as primeiras a serem demitidas e isso aumenta a distância salarial", explica o economista do Dieese.

Municípios

Entre os municípios cearenses, a Caucaia foi o de maior destaque na geração de vagas formais em 2017, com 3.451 postos. A cidade de Maranguape ganhou 2.223 vagas a mais na comparação com 2016. São Gonçalo do Amarante encerrou com 2.149, seguido por Sobral (1.474); Aracati (1.318); Horizonte (1.204) e Jaguaruana (1.019).

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