Estado é 2º da Região em trabalho por conta própria

Conforme o IBGE, mais de um milhão de cearenses empreende para garantir o sustento da família

Escrito por Redação ,

Diante da crise econômica ainda enfrentada pelo País no início deste ano e do elevado percentual de desocupação, a população cearense viu nos negócios próprios uma saída. Nos primeiros três meses de 2018, mais de 1 milhão de pessoas trabalhava por conta própria do Ceará - o equivalente a 29,8% das pessoas ocupadas no período. Esse percentual é o segundo maior entre os estados do Nordeste, de acordo com a Pnad Contínua. O Estado fica atrás somente de Sergipe, onde a parcela das pessoas ocupadas 29,9%.

Essa posição de ocupação vem crescendo a cada trimestre no Ceará. Entre janeiro e março de 2017, esse número era de 947 mil trabalhadores. No último trimestre do ano passado, já eram 1,02 milhão, montante que continuou se elevando até chegar aos atuais 1,05 milhão. Na comparação anual, entre o primeiro trimestre deste ano com igual período do ano anterior, o crescimento foi de 11,6%.

Leia ainda:

> Falta emprego para 1,39 milhão no Ceará; 3º maior do Nordeste 
> 30 mil perderam vaga com carteira
> 98 mil cearenses buscam chance há mais de 2 anos
> Cearenses têm rendimento médio de R$ 1.416; alta de 4%
> Estado tem 329 mil pessoas fora da força de trabalho

O maior contingente de pessoas ocupadas está concentrada no setor privado. Ao todo, eram 1,5 milhão trabalhando no setor. Já os empregados no setor público - incluindo servidor estatutário e militares - somam 442 mil, número menor que no fim do ano passado, quando eram 465 mil, redução de 4,9%. Em seguida aparecem os trabalhadores domésticos, que somam 259 mil pessoas. Em menor número estão os empregadores, apenas 136 mil no Estado.

A pesquisadora da coordenação de trabalho e rendimento do IBGE, Adriana Beringuy, explica que o aumento no número de desocupados na passagem do fim do ano para o início do seguinte é normal e já era esperada. "Muitos setores contratam funcionários temporários nos últimos meses do ano. Com a interrupção da demanda maior, ao iniciar o ano, esses trabalhadores que não são incorporados ao quadro fixo voltam a ficar sem um emprego", explica Adriana.

Auxiliares

Outro destaque indicado pela Pnad Contínua é são os trabalhadores familiar auxiliar, que são aqueles que auxiliam familiares no dia a dia dos negócios próprios. "Por exemplo, uma pessoa tem uma banquinha no Centro da cidade. Ela não tem funcionários, mas leva o filho para ajudar. Então o filho é considerado um trabalhador auxiliar familiar", esclarece Adriana Beringuy. Atualmente, são cerca de 123 mil pessoas nessa situação, valor que corresponde a 3,5% da população ocupada do Estado.

Atividades

Entre os grupamentos de atividades, a queda de postos de trabalho na indústria, construção civil e comércio refletiram no resultado geral do Estado. O destaque em termos de resultado negativo foi o comércio, registrando 63 mil trabalhadores a menos em relação aos últimos três anos de 2017, segundo o IBGE. Já na comparação com o mesmo período do ano passado, houve um crescimento de 52 mil postos.

A construção civil dispensou 35 mil funcionários na passagem do último trimestre do ano passado para o primeiro período deste ano, variação de 13%. Na comparação a longo prazo, a retração é mais branda, de 4,1%, o equivalente a 10 mil empregos.

Já a Indústria reduziu seu quadro de funcionários em 8,8% na série com ajuste sazonal, na relação entre o último trimestre de 2017 e o primeiro deste ano, fechando 33 mil postos de trabalho. Na comparação entre 2017 e 2018, o impacto foi menor, com variação negativa de 3,3% (14 mil trabalhadores).

Entre as atividades levadas em consideração no levantamento, a administração pública, defesa, seguridade social, educação, saúde humana e serviços sociais é a que mais emprega no Ceará, de acordo com os dados mais recentes. Eram 561 mil trabalhadores nos primeiros três meses deste ano. Apesar de ainda liderar o ranking, o segmento também viu seu quadro de funcionário reduzir em 4,7% em comparação com o fim do ano passado, quando haviam 589 mil pessoas trabalhando no ramo. Já em relação ao início de 2017, esse número apresentou leve crescimento de 4,2% ou 23 mil pessoas.

Dos dez segmentos analisados, somente o de agricultura, pecuária, produção florestal, pesca e aquicultura foi o único que registrou aumento de pessoas trabalhando: 70 mil empregados a mais, o equivalente a uma alta 19,3%.

Adriana esclarece que isso tem a ver com a melhor quadra chuvosa obtida no Estado. "Muitas pessoas do interior viram um bom início de chuvas, ficaram animadas e realizaram algum tipo de cultivo. Isso fez com que o setor fosse o único setor a ver mais pessoas trabalhando", destaca a coordenador de trabalho e rendimento do IBGE.

Desigualdade de gênero

A taxa de ocupação da população do Ceará é maior entre os homens em comparação com as mulheres, demonstrando a continuidade da desigualdade entre gêneros no Estado. Cerca de 59,4% das pessoas do sexo masculino são consideradas ocupadas no primeiro trimestre de 2018. Já entre as mulheres, somente 39% estavam ocupadas no mesmo período. Em ambos houve redução na comparação com o fim do ano passado.

Os destaques das últimas 24h resumidos em até 8 minutos de leitura.