Endividamento: menor na Capital desde 2016

O número de pessoas com a renda comprometida para o pagamento de dívidas recuou 9,5 pontos

Escrito por Redação ,
Legenda: Os gastos com alimentação continuam respondendo pela maior parte das dívidas dos consumidores de Fortaleza (59,1%)
Foto: FOTO: WALTER CRAVEIRO

A liberação do saque dos recursos do PIS/Pasep sem limite de idade - iniciada na última segunda-feira (18) - já reflete positivamente em alguns indicadores econômicos como o endividamento dos consumidores de Fortaleza. A medida, que promete injetar R$ 39,5 bilhões na economia do País, tem ajudado a população a quitar dívidas e reconquistar poder de compra. De acordo com pesquisa da Federação do Comércio de Bens Serviços e Turismo do Estado do Ceará (Fecomércio-CE), a taxa de endividamento na Capital despencou 9,5 pontos percentuais, passando de 71,5% em maio para 62% este mês.

"O resultado é o menor desde 2016, quando havia chegado a 61,9%. Com esse dinheiro extra, as pessoas começam a se organizar e pagar as dívidas ao invés de fazer novos débitos", explica Cláudia Brilhante, diretora institucional da Fecomércio-CE. Ela acrescenta que, no próximo mês, devemos passar a ver um aquecimento no comércio. "Na hora que você paga as contas, as pessoas voltam a comprar".

Outro índice que melhorou foi o comprometimento da renda familiar, que saiu de 37,9% para 34,6%. Este é o menor patamar desde agosto de 2017, quando era de apenas 33,6%. A taxa deste junho também foi menor que em igual mês do ano passado (35,1%).

Se por um lado uma parcela dos consumidores está conseguindo organizar a vida financeira, outra está cada vez mais no vermelho. O número de consumidores com dívidas em atraso subiu de 28,1% para 29,3% na passagem de maio para junho. Na comparação com o mesmo mês do ano passado (22,4%), também houve um aumento considerável, de 6,9 pontos percentuais. Em média, o tempo de atraso está em 70 dias.

Inadimplência potencial

O potencial inadimplente - parcela de pessoas que estão com dívidas em atraso por mais de 90 dias e não tem condições de pagar - também sofreu elevação e chegou a 12,6% dos consumidores de Fortaleza.

"A maioria das pessoas que estão nessa situação estão desempregadas. E é um ponto muito preocupante para o comércio. Inclusive, a partir de agosto deve haver uma boa predisposição das empresas em chamar os clientes para renegociar os valores", destaca Cláudia Brilhante.

Classes de despesas

As despesas que mais pesam no bolso do consumidor são os gastos com alimentação, segundo 59,1% dos entrevistados. O aluguel residencial vem logo em seguida, apontado por 14,8% da respostas, junto com educação (9,4%), tratamento de saúde (8,1%) e vestuário (7,2%). "Além do desemprego, as contas extras, feitas por impulso ou que não estavam planejadas também contribuem para a piora do cenário. A mensalidade dos planos de saúde, por exemplo, subiram bastante e é uma das despesas que mais pesam", pontua Cláudia.

Deste modo, o valor médio das dívidas atualmente está em R$ 1.516, montante considerado acima do ideal. "O ideal seria esse valor não passar de R$ 800. Esse aumento acontece devido ao maior tempo de atraso e taxa de inadimplência. Os juros vai recaindo sobre o valor inicial da dívida, que só vai crescendo", esclarece a diretora institucional da Fecomércio-CE.

arte

Os destaques das últimas 24h resumidos em até 8 minutos de leitura.