Empresa sobre rodas pode custar a partir de R$ 15 mil

Expansão do setor afastou estigma de modismo e agora exige nova legislação para incluir outras atividades

Escrito por Levi de Freitas - Repórter ,

Deixando de lado o estigma de algo passageiro ou mero modismo, os negócios montados sobre veículos se consolidam e atraem novos investidores. Em Fortaleza, adaptar um carro para poder iniciar um negócio custa, em média, de R$ 15 mil a R$ 200 mil, dependendo do tipo de veículo e das necessidades, segundo empresários. Neste segmento, preponderam os food trucks, verdadeiros restaurantes sobre rodas, que já possuem legislação própria. Outros negócios também já existem, com os veículos adaptados sendo usados para vender roupas, bijuterias e outros itens. Contudo, ainda não há regulamentação para estas atividades na Capital, algo que é cobrado pelos comerciantes.

O Estado atingiu status de referência na região Norte e Nordeste na adaptação de veículos e trailers, com uma empresa local fornecendo os trucks para diversas partes do País e vislumbrando até a expansão internacional do negócio atual.

Os food trucks deixaram de lado o estigma de "modinha" e já fazem parte do cenário da cidade. Com seu valor reconhecido pelo público, os empresários apostam na customização dos veículos para atender cada vez melhor aos clientes, sem deixar de lado a qualidade dos alimentos. O cliente que, hoje, mais do que nunca, exige do atendimento foco na praticidade e conveniência com a rotina do seu dia a dia, tem na presença dos negócios em food truck mais que uma tendência, mas uma necessidade exigida pelo próprio consumidor, que deve ser devidamente sanada pelo mercado.

O empresário Adilson Nemi Júnior diz ter enxergado esta possibilidade de bons negócios há cerca de três anos. Ele é o proprietário da Full Trucks Brasil, empresa especializada em montar os trucks. O soteropolitano veio para Fortaleza em janeiro deste ano, motivado pelo cenário que percebeu aqui de possibilidade de grande alcance do negócio fabril.

Referência

Conforme Júnior, que tem parceria com bancos regionais, o Estado tem sido procurado por quem quer atuar no ramo. "O Ceará está se tornando referência na produção do food truck. Temos cotações para atender França, Uruguai, Peru e Argentina, já orçando conosco. No Brasil existe uma fábrica de alto padrão no Sul, outra em São Paulo, e a nossa, para atender todo o Norte-Nordeste", disse.

Ele alega que o ramo está, sim, pulsante, a despeito do que se possa imaginar quanto ao movimento de abertura de novas empresas. "Nos últimos 60 dias, tivemos aqui 92 orçamentos. O mercado está muito aquecido, o pessoal está se adaptando para as leis que estão entrando em vigor", pontuou Júnior.

A empresa de Adilson Júnior, inclusive, está em processo de ampliação, já vislumbrando novas aquisições físicas para atender a toda a demanda. "Corto Kombi, faço baú e mudo para cozinha industrial. Fazemos estrutura de monobloco de trailer em aço galvanizado, que suporta uma batida de carro sem empenar. Estamos nos preparando para ampliar o galpão".

Para quem quer investir no negócio, Júnior diz que não é muito complicado. Os preços, conforme relata, são inferiores, por exemplo, ao valor de um carro médio. Além disso, o empresário se orgulha da relação com instituições financeiras, que facilitam as aquisições. "Temos uma parceria com o Banco do Nordeste e o Banco da Amazônia. Somos a única fábrica do Brasil que tem isso. A taxa é de 0,79% ao mês, com um ano de carência para começar a pagar, em 60 parcelas. É mais barato que um carro. O menor trailer, com 2,5 metros por 2 metros, sai por R$ 15 mil. O trailer mais caro que tenho, de 5,80 metros, é uma cozinha industrial. Sai por R$ 180 mil", explicou.

Preferência

Segundo o empresário, o modelo preferido custa entre R$ 20 mil e R$ 50 mil. "É um trailer de de 3,8 metros de comprimento por 2 metros de largura e 2,3 metros de altura. Ele gera um pouco mais de espaço e conforto e custa entre R$ 20 mil e R$ 50 mil. O pessoal procura muito o trailer", disse, emendando que há uma justificativa para a escolha. "A vantagem é que, se seu carro quebrar, seu negócio não para. É só colocar em outro carro que tenha reboque. Em caso de carro com a cozinha montada em cima, se o carro quebrar, o negócio para. No todo, o investimento pode chegar a R$ 70 mil - R$ 80 mil. Mas quanto se gastaria para abrir uma hamburgueria no bairro Meireles, por exemplo?", comentou, questionando.

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