Egídio Serpa: Roterdã, Pecém e o granito

Escrito por Egídio Serpa , egidio.serpa@diariodonordeste.com.br

Uma fonte da Fiec disse à coluna que a chegada do Porto de Roterdã à gestão do Complexo Industrial e Portuário do Pecém - a ser oficializada no dia 9 de novembro, na Holanda - deverá pôr termo à questão da regularização do terreno de 200 hectares, no qual serão construídas, dentro da ZPE-Ceará, as unidades industriais de beneficiamento de mármores e granitos extraídos do solo cearense. De acordo com essa fonte, "será a primeira grande notícia a ser produzida pela sociedade da CIPP S/A com seu milionário sócio holandês". A regularização desse terreno, que será incorporado à geografia e ao patrimônio da ZPE-Ceará, arrasta-se há dois anos na burocracia cartorial e estatal. Empresas cearenses e capixabas estão prontas para implantar-se na ZPE do Pecém, mas cinco delas - irritadas com tanta demora - procuram áreas próximas ao Porto para construir suas indústrias. Os projetos catapultarão as exportações de rochas ornamentais do Ceará para US$ 80 milhões anuais. Em 2022, a projeção é que esse valor alcance US$ 200 milhões. "Não queremos benesses oficiais, mas desejamos que o Governo cumpra sua parte. Há algum setor da economia do Ceará capaz de inserir-se no mercado internacional e passar tamanha representatividade em tão pouco tempo? O Governo do Estado ainda não entendeu a importância da mineração das rochas ornamentais no Ceará".

BOM CAMARÃO

Daniel Olinda, sócio da D&D Pescados - empresa que produz camarão em cativeiro e sob estufas na zona rural de Jaguaruana - transmite uma informação interessante: naquela região, a média da produtividade dos carcinicultores é de 700 quilos por hectare por ciclo (cada ciclo dura em média 70 dias). Sua D&D produz 12 toneladas por hectare por ciclo. No vizinho Rio Grande do Norte, a empresa Potiporã, do cearense Cristiano Maia, tem também produtividade de 12 toneladas por hectare por ciclo de 75 dias, em regime aberto, com custo de produção menor e risco de mortandade também muito pequeno. Maia, maior produtor de camarão do País, emite uma opinião: "Criar camarão é bom, mas dá trabalho e exige muito capital".

Forte holandês

Kees van Rij, embaixador da Holanda (Países Baixos) no Brasil, ao falar no ato de celebração da parceria do Porto de Roterdã com a CIPP S/A, sexta-feira, 19, no Palácio da Abolição, lembrou que as relações dos cearenses com os holandeses datam desde 1649, quando seu compatriota Matias Beck construiu em Fortaleza o Forte Schoonenborch. E concluiu dizendo que, agora, há voo direto ligando a capital do Ceará a Amsterdã, a bela capital holandesa.

PECÉM FATURANDO

Em dois anos, o faturamento do Porto do Pecém, administrado pela CIPP S/A, cresceu 60%. Graças, evidentemente, aos embarques semanais das placas de aço produzidas pela usina siderúrgica da CSP, aos desembarques de bobinas de aço e à exportação de pás eólicas da brasileira Aeris e da dinamarquesa Vestas. Em tempo: a CIPP S/A dá lucro e vive sem qualquer ajuda do Tesouro estadual. Ficará mais forte agora, com a chegada do sócio Porto de Roterdã.

ITAUEIRA NA PMA

Quando houver água disponível para a agricultura irrigada, a Itaueira Agropecuária voltará a produzir - e a exportar - melão e melancia no Ceará. Enquanto a água não vem, a família Prado, dona da empresa, mantém a produção na Bahia e no Piauí e também os contatos com seus antigos e fiéis clientes no exterior. No último fim de semana, no Centro de convenções de Orlando (Flórida, Estados Unidos), José Luiz, Tom, José Roberto e Carlos Prado Filho (nesta sequência na foto acima) participaram da PMA, maior feira técnico-científica e exposição de frutas das Américas. Eles ouviram conferências sobre o futuro dos alimentos.

ENERGIA SOLAR

Sobradinho, a maior barragem do Nordeste, segunda do País (a maior é Itaipu), gerará energia solar a partir do próximo mês de dezembro. A Chesf constrói dentro do espelho d'água de Sobradinho o que será a maior usina solar flutuante da América Latina. Terá potência de apenas 1 MW (semelhante à de Tauá), mas será o protótipo de um projeto que prevê outras usinas na mesma Sobradinho e nas outras barragens da Chesf, onde há vida inteligente. Afinal, o futuro chegou com as energias renováveis.

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