Economistas elaboram propostas para o novo governo

Documento apresenta a preocupação com a responsabilidade fiscal e a solvência das contas públicas, além de se alinhar ao interesse geral do governo na defesa da realização de reformas, como a da Previdência

Escrito por Redação ,
Legenda: Paulo Guedes, futuro ministro da Economia, deverá ser o destinatário das propostas

Encabeçado pelo diretor geral do Instituto de Pesquisa e Estratégia Econômica do Ceará (Ipece), Flávio Ataliba, um grupo com mais de 200 de economistas de todo País elaboraram um documento, subscrito por 110 deles, com uma série de propostas para serem discutidas com a equipe econômica do próximo governo. No texto, editado como uma carta aberta, se sobressai a preocupação de todos com a responsabilidade fiscal e a solvência das conta públicas.

"Uma unanimidade é a questão da responsabilidade fiscal, da solvência das contas públicas. E o novo governo vai ter de encarar essa discussão", aponta o diretor geral do Ipece, observando ainda que é difícil dizer que todos concordam. "A ideia é que esse grupo conseguiu convergir para alguns temas que acreditamos que sejam importantes", reforça.

Outros pontos que a carta elaborada pelo grupo de economistas traz são a necessidade de uniformização e simplificação da tributação de renda e consumo, a melhoria do ambiente de negócios, aumento da segurança jurídica, previsibilidade regulatória, aprovação de reformas como a da Previdência, além da integração do País ao comércio internacional.

Integração

Todas tratam da preocupação em tornar o País um local atrativo ao investidor, principalmente no que diz respeito ao papel do governo em diminuir a burocracia e dar garantias econômicas.

"O Brasil ainda é muito fechado ao comércio externo, e isso tem que ser feito de uma forma paulatina, para que o País possa se integrar nessa corrente de comércio", observa o diretor do Ipece.

Redução da pobreza

Embora não contemple demandas específicas para o Nordeste, ou mesmo para o Ceará, Ataliba afirma que as propostas voltadas à redução da pobreza poderiam beneficiar a Região e o Estado.

"Tanto no Nordeste, como no Ceará, ainda temos um contingente expressivo de pessoas vivendo em condições de extrema pobreza. De cada 100 brasileiros em situação de pobreza, 8 estão no Ceará. Mesmo a gente tendo melhorado muito nos últimos 12 anos, quando se compara o Ceará com outros estados, a nossa proporção é mais elevada", diz Ataliba.

Ambiente de negócios

A melhoria do ambiente de negócios também é vista pelo diretor do Ipece como uma forma de reduzir as desigualdades regionais. "No momento em que você aperfeiçoa isso, as regiões menos desenvolvidas podem se beneficiar também", diz. Na área de Políticas Sociais, o documento propõe a redução dos níveis de carência financeira, definindo melhor a linha de pobreza.

"O documento traz essa discussão. A gente está disponibilizando à sociedade brasileira o nosso planejamento. E que a partir de janeiro do próximo ano, independentemente se o governo vai utilizar ou não essas propostas, a gente quer que o documento passe a circular pelo País, para fomentar a discussão", diz Ataliba.

Entre os signatários da carta, que teve os temas debatidos em seminários da Fundação Getúlio Vargas, estão os economistas Alexandre Schwartsman, Bernard Appy, Cláudio Considera, Elena Landau, Fábio Giambiagi, Gustavo Loyola, José Júlio Senna, José Márcio Camargo, Manuel Thedim, Otaviano Canuto e Samuel Pessôa

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