Desemprego é principal causa da inadimplência

Fatia dos consumidores que indicou a falta de renda do trabalho como motivo para a restrição atingiu 45% no semestre

Escrito por Redação ,
Legenda: Os boletos bancários foram os meios de pagamento que mais geraram a restrição, incluindo contas de telefone e energia, por exemplo
Foto: FOTO: FERNANDA SIEBRA

O nível ainda elevado do desemprego no País tem gerado um impacto direto no orçamento das famílias brasileiras, que citam a falta de renda do trabalho como o maior motivo para o atraso no pagamento das contas. Conforme a Pesquisa Perfil do Consumidor, elaborada pela Boa Vista SCPC, ao longo do último um ano e meio, o desemprego apresentou um crescimento de 13 pontos percentuais entre os principais motivos que levaram à restrição dos consumidores brasileiros.

No primeiro semestre de deste ano, 45% dos entrevistados alegaram que a falta de renda ocasionada pelo desemprego prejudicou o pagamento das contas e, consecutivamente, os levou à inadimplência. Em igual período do ano passado, esse motivo era citado por apenas 32% dos entrevistados.

A falta de planejamento financeiro também afeta negativamente o orçamento familiar, sendo o segundo principal motivo para a restrição dos consumidores. Apesar disso, o número de pessoas que indicam o descontrole das finanças como causa da inadimplência mostrou um leve recuo entre o 1º semestre de 2017 e o 1º semestre deste ano, passando de 20% para 18%.

O empréstimo do nome de outras pessoas é o terceiro principal motivo da inadimplência, com crescimento de sete pontos percentuais entre o segundo semestre de 2017 e o primeiro de 2018, passando de 11% para 18%, conforme a pesquisa.

Ajuda financeira

Parentes e familiares são os mais procurados pelos consumidores no momento do aperto financeiro, e representam 46% das menções. Em segundo lugar estão os bancos (29%), depois as Financeiras (25%) e amigos/colegas (23%). Mesmo assim, somente 10% conseguem a ajuda esperada por parte dos familiares, e apenas 3% dos bancos.

De acordo com a pesquisa da Boa Vista SCPC, o comprometimento com o pagamento de contas diversas e os gastos com itens de vestuário e calçados foram os que mais pesaram no orçamento dos consumidores.

O primeiro passou de 23% para os atuais 26%, e o segundo fator dos 15% para os 19%, respectivamente, na comparação entre o 1º semestre de 2018 e o 2º semestre de 2017.

Tempo de atraso

Segundo o estudo, 86% das contas vencidas que causaram a restrição estão em atraso há mais de 90 dias; 11% de 30 a 60 dias; e apenas 3% estão com o vencimento atrasado a menos de 30 dias. Metade dos consumidores possuem até duas contas vencidas, um crescimento em relação a 2017. Já 31% têm três ou quatro contas e 19% possuem mais de quatro contas com pagamentos vencidos.

Dos meios de pagamento utilizados nas compras dos bens ou serviços que geraram a restrição, 31% dos consumidores usaram o boleto bancário. Destes, 34% referentes a contas de telefone (celular/fixo); 25% às despesas com educação; 21% às contas de concessionárias (água, luz, etc.); 10% a taxas e tarifas diversas (impostos etc.) e 1% a despesas médicas. O cartão de crédito foi citado como o segundo meio de pagamento (25%), seguido do cartão de loja (15%), carnê de financiamento/crediário (12%), empréstimo pessoal (8%), cheque especial (6%) e cheque pré-datado (3%).

66% devem até R$ 3 mil

Ainda conforme a pesquisa, 66% dos consumidores inadimplentes possuem dívidas de até R$ 3.000 (contra 56% do semestre passado). 32% deles possuem dívidas de até R$ 1.000 (contra 24% anteriores). 34% deles possuem dívidas com valores acima de R$ 1.000 até R$ 3.000 (contra 32%). Já o percentual de consumidores com dívidas acima de R$ 5.000 caiu de 29% para 18%. Quanto maior o volume de dívidas, maior é o valor devido (46% possuem cinco contas ou mais que geraram a restrição e, nestes casos, os valores devidos superam R$ 4.000).

O percentual de consumidores inadimplentes que pretende priorizar o pagamento das compras com o cartão de crédito no 1º semestre de 2018 subiu de 21% para 36%. Já 22% priorizarão o pagamento dos boletos (no segundo semestre eram 27%). Destes, 41% referem-se às despesas com educação, 29% com contas de telefone, 14% concessionárias, 11% taxas e tarifas e 5% com planos médicos, mostra a pesquisa.

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