Corretor de moda ganha espaço no mercado local

Escrito por Redação ,
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Atividade ganhou mais espaço e formalização, contribuindo para o desenvolvimento do setor de confecção do CE

Há quase 30 anos, informalmente, algumas pessoas iniciaram uma relação de prestação de serviços ao conduzir compradores de confecções diretamente aos fabricantes de Fortaleza e serem gratificados por isso. Era o início da profissão do corretor de moda. Hoje, a atividade ganhou mais espaço e formalização.

Os lojistas passaram a reconhecer essas pessoas peça chave na hora de efetivar vendas e de divulgar suas marcas em outros mercados. Tanto que fazem questão de pagar à vista a comissão — em geral de 10% do valor da compra. Fernando Lima, corretor de moda desde 1982, lembra bem que na época que iniciou no ramo teve que enfrentar algumas dificuldades. ´Quando começamos era uma coisa muito solta. Muitos diziam que a atividade não iria para frente, isso porque não tinha profissionalismo. Hoje, o cenário mudou. Estou sempre me reciclando para atender bem os clientes que tenho em vários estados do País´, comenta Fernando, que tem contatos no Norte e Nordeste do País, em locais como Pernambuco, Maranhão, Amapá, Pará, Piauí e Bahia. Sua área de atuação vai de calçados a confecção.

Segundo o profissional, quem está iniciando no mercado consegue tirar por mês, pelo menos, R$ 1.600 com as comissões. ´Isso depende do trabalho de cada um. Para quem está chegando agora o que digo que seja um bom profissional, mantendo sempre uma relação de respeito com os fabricantes e compradores´, destaca entusiasmado Fernando Lima.

Rotina

A rotina do corretor de moda é agitada. De manhã logo cedo ele já está no aeroporto, rodoviária ou Mercado Central para buscar os clientes e levar nas fábricas e lojas de fábricas. As compras no atacado podem ser de moda íntima, sapato, modinha, jeans até bijuteria. Translado, hospedagem e alimentação de quem vem a Fortaleza fazer as compras é por conta do corretor.

´Ele dá total assistência. Muitas vezes até hospeda esse comprador que vem de outro Estado em sua casa. Outros tem convênio com pousadas e hotéis. Serve de guia turístico, levando-os para passear. Tudo para que o cliente tenha o mínimo de despesas´, explica o presidente do Sincom.

No Maraponga Mart Moda — maior shopping de venda de atacado do Nordeste — é fácil perceber os corretores de moda em plena atividade, nas mais de 300 lojas que existem no local. ´Eles já estão integrados ao nosso dia-a-dia. Levam nossa marca para fora. Já sabem as lojas que tem os produtos que o cliente procura e os trazem até a gente. Acredito que, inclusive, 80% das nossas vendas mensais sejam feitas através desses profissionais´, relata a gerente da loja Marilipe, Kelly Tatiane Rodrigues. Segundo ela, grande parte da clientela da Marilipe é procedente de outros estados, sobretudo do Norte do Brasil. ´Em julho, por exemplo, 90% dos clientes que recebemos foram de Belém. Quem vem de fora, como não conhece, só faz compra acompanhado por algum corretor´, completa Kelly.

Na Kokid — uma das primeiras a apoiarem o trabalho dos corretores —, o gerente comercial Ricardo Jales, explica que as portas estão sempre abertas para esses profissionais. ´Desde o começo foi uma parceria que deu certo. Se não existissem os corretores seria difícil para nós como lojistas, porque teríamos que investir muito mais em divulgação da marca fora do Estado´, observa Ricardo. Conforme disse, entre 60% e 70% das vendas da Kokid são feitas por meio dos corretores. A loja que, em 2008, apresentou crescimento de 70% em suas vendas, em relação a 2008, acredita que boa parte da expansão ocorreu por conta da parceria com os profissionais da moda, que fazem a intermediação do negócio. Nas duas lojas, os gerentes fazem questão de informar que a comissão de 10% sobre a venda é paga à vista.

NAS CONFECÇÕES DE FORTALEZA
Profissional é indutor do desenvolvimento

Para se filiar ao sindicato, passou a ser obrigatório ter o curso de corretor oferecido pelo Senac/CE

Hoje, o corretor passou a ser fundamental para movimentar a moda no atacado comercializada nas fábricas de Fortaleza e sua Região Metropolitana. ´Esse profissional trabalha como indutor do desenvolvimento do setor porque leva o cliente até a fábrica onde tem a mercadoria desejada. Já leva nos locais certos, o que é muito bom, uma vez que muitos desses compradores não conhecem a cidade´, ressalta o presidente do Sindicato das Indústrias de Confecção de Roupas e Chapéus de Senhoras no Estado do Ceará (Sindconfecções), José Moreira Sobrinho.

Com o tempo, a profissão de corretor de moda foi conseguindo conquistar seu espaço e, hoje, até sindicato reconhecido pelo Ministério do Trabalho e Emprego foi criado. Filiadas ao Sindicato dos Corretores de Moda de Fortaleza e Região Metropolitana (Sincom) estão cerca de 1.300 profissionais. ´Hoje, ganhamos mais respeito e credibilidade, sobretudo por conta dos cursos e palestras de qualificação. Para se filiar ao sindicato, passou a ser obrigatório ter o curso de corretor oferecido pelo Senac”, informa o presidente do Sincom, José Afonso Bezerra Júnior.

Durante as aulas, o candidato receberá os conhecimentos básicos do exercício da profissão, onde inclui o conhecimento de uma língua estrangeira, turismo, ética profissional e outras disciplinas. O curso ocorre durante três meses ao custo de R$ 526,00. ´Em cinco anos, o Senac já formou 230 profissionais´, comenta. Para se sindicalizar, é cobrado do candidato um valor correspondente a três salários mínimos e meio, além da contribuição mensal que hoje é de R$ 26,00.

Lívia Barreira
Repórter

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