Cearenses buscam aplicações mais rentáveis

Modalidades de investimento com maior potencial de valorização têm crescido no gosto de pequenos investidores, principalmente, pela difusão de mais informações sobre como e onde aplicar recursos

Escrito por Bruno Cabral - Repórter ,

Enquanto as aplicações mais populares do País, como a poupança e o CDB, permanecem com suas rentabilidades nos menores patamares históricos, a busca por alternativas com maior potencial de valorização cresce entre pequenos investidores. Opções como fundos de investimentos, renda variável ou títulos públicos negociados pelo tesouro direto vem ganhando cada vez mais espaço entre os brasileiros.

Nordestinos investiram 10,8% mais no Tesouro

"O avanço no número de pessoas interessadas em conhecer 'novos mercados', como o mercado de capitais, cresceu muito", conta o economista Allisson Martins. No Ceará, o número de pessoas física cadastradas na bolsa de valores cresceu quase 50% nos últimos 20 meses, passando de 6.537 investidores, em dezembro de 2016, para 9.696, em agosto deste ano.

Nesse período, a participação dos cearenses na bolsa brasileira passou de 1,15% para 1,32% do total de 730.482 investidores. E o volume total aplicado em ações passou de r$ 1,21 bilhão para r$ 1,61 bilhão. Com a chegada de mais participantes no mercado de capitais, o valor per capita dos investidores cearenses caiu cerca de 10% desde o final de 2016, passando de R$ 185 mil para R$ 166 mil, de acordo com dados da B3 (antiga Bovespa). Nesse período, o número de investidores homens no estado cresceu 49%, passando de 5.279 para 7.898, e o de mulheres avançou 42%, saindo de 1.258 para 1.798.

Educação financeira

Além da queda da rentabilidade das aplicações que acompanham a taxa básica de juros (Selic), outro fator que vem contribuindo para a busca por outras opções de investimento é o aumento do nível de educação financeira do brasileiro.

"As pessoas estão começando a despertar para educação financeira, principalmente as mulheres. E com esse estudo as pessoas acabam descobrindo alternativas que podem contribuir com sua renda", afirma Ricardo Coimbra, mestre em economia pela Universidade Federal do Ceará (UFC).

O advogado Geraldo Lemos Filho, que começou a fazer os primeiros investimentos há pouco mais de quatro anos, em aplicações consideradas conservadoras, como a caderneta de poupança e o CDB (Certificado de Depósito Bancário), decidiu há cerca de um ano apostar no mercado de capitais, por meio de fundos de ações. E ao longo de 2018 foi aumentando sua posição na renda variável até chegar a um patamar entre 10% e 20% de seu patrimônio.

"Neste ano comecei a apostar mais na renda variável, aumentando a minha posição, mesmo diante da alta volatilidade", diz Lemos Filho.

"Ainda concentro a maior parte dos meus investimentos na renda fixa e no tesouro direto, mas comecei a estudar mais sobre o mercado para, no futuro, montar minha própria carteira de ações. Como não tenho tanto tempo para me dedicar a análise de empresas, hoje prefiro investir por meio de um fundo", acrescentou. Apesar da alta volatilidade no mercado acionário, que registrou quedas expressivas durante a greve dos caminhoneiros, Lemos Filho se diz satisfeito por ter migrado parte do seu capital para a renda variável. "Mesmo com as quedas, o fundo está rendendo bem acima da inflação, e cerca de 110% do CDI. Mas é preciso ter paciência e saber que vai haver oscilações".

Custos

Embora as transações de compra e venda de ações sejam normalmente feitas em lotes de 100 unidades, é possível comprar uma única ação no chamado mercado fracionário. No entanto, os custos envolvidos na operação podem inviabilizar a operação, uma vez que a maioria dos ativos é negociada a preços que vão até R$ 100. Como o investidor precisa pagar taxas tanto para a B3 como para a corretora, caso resolva investir R$ 100, com uma corretagem de R$ 10, precisaria obter uma rentabilidade de 10% apenas para pagar esse custo. Por isso, de modo geral, a recomendação é que o investidor faça aportes em torno de R$ 1 mil. Além disso, dependendo do tipo de operação e do valor negociado no mês, é preciso pagar imposto de renda sobre o lucro.

O economista Allisson Martins ressalta, no entanto, que ainda há muita desinformação sobre o investimento em ações, tido por muitos como uma aplicação de curto prazo e de ganhos rápidos, o que leva muitos a "fugir" do mercado quando ocorrem grandes variações. "No longo prazo, empresas bem administradas, apresentam rentabilidades interessantes no preço das ações, bem como geram bons dividendos aos acionistas".

Os destaques das últimas 24h resumidos em até 8 minutos de leitura.
Assuntos Relacionados