Ceará tenta consolidar a formação de hubs aéreo e portuário

Especialistas indicam que Estado deve assegurar o desenvolvimento da parceria entre Pecém e Roterdã e as operações do Grupo Air-France/KLM

Escrito por Bruno Cabral , bruno.cabral@diariodonordeste.com.br
Legenda: Posição geográfica fez do Estado ponto estratégico para diversas empresas de transporte portuário, porém dos mais variados modais de transporte

Passada a fase de preparação dos hubs aéreo e marítimo no Ceará, com início das operações dos voos da KLM e Air France, no primeiro semestre, e a parceria firmada entre o Porto do Pecém e o Porto de Roterdã, no final de outubro, o Estado tem pela frente o desafio de se consolidar como o principal centro de conexões de cargas do Nordeste e um dos mais importantes do País.

Apesar de contar com uma posição geográfica favorável, especialmente para cargas destinadas à Europa e Estados Unidos, os investimentos em infraestrutura logística e a atração de grandes empresas com atuação internacional serão determinantes para o sucesso dos hubs, tidos como prioritários pelo Estado.

Entre os desafios para os próximos anos está a ampliação no número de rotas marítimas e da malha aérea. Neste sentido, tanto a parceria com o Porto de Roterdã como com a alemã Fraport, administradora do aeroporto Pinto Martins, deverão facilitar a atração das principais empresas do mundo do ramo logístico nos segmentos de transporte marítimo e aéreo.

"O Ceará está colhendo hoje o que plantou há muitos anos. Agora, temos toda essa infraestrutura para receber investimentos nas mais diversas áreas, o que falta é mostrar ao mundo todo esse nosso potencial, nossas vantagens competitivas, para operacionalizar o que já está feito", diz o economista e consultor internacional Alcântara Macêdo em referência ao Complexo Industrial e Portuário do Pecém.

Com a chegada do Porto de Roterdã, a expectativa é que o Estado ganhe visibilidade internacional e acabe atraindo mais armadores, proporcionando a abertura de novas rotas a partir do Pecém. "Roterdã é uma grife e em breve teremos um hub marítimo", diz Augusto Fernandes, CEO da JM Aduaneira. "Acredito que em breve os armadores trarão novas rotas, podendo até termos uma rota direta para a China. Hoje, o porto já tem eficiência tremenda na movimentação física de cargas, mas já em 2019 devemos resolver pequenos entraves que, quando ocorrem, prejudicam o planejamento".

O acordo de investimento entre o Governo do Estado com o Porto de Roterdã formalizou o investimento de cerca de 75 milhões de euros por 30% das ações do Cipp S/A. A Autoridade Portuária de Roterdã também terá a gestão compartilhada sobre as decisões e posições estratégicas e de investimento no conselho de administração, no conselho de supervisão e ao nível gerencial.

Hub aéreo

Quanto ao hub aéreo de cargas, ainda em fase inicial, as novas frequências para Europa e para os Estados Unidos, bem como a chegada da Fraport, é vista como um divisor de águas para exportadores e importadores, que viram diminuir significativamente as distância com seus clientes e fornecedores. "Até então, uma carga para vir de Miami para Fortaleza, tinha que ir para Lisboa, o que a depender da carga poderia inviabilizar uma transação", diz Augusto Fernandes.

Do lado das exportações, as principais cargas enviadas pelo modal aéreo são as frutas e, dependendo da urgência, calçados. E do lado das importações, os principais produtos são os do setor farmacêutico, peças de reposição do setor industrial e equipamentos de tecnologia, como peças do setor de informática. "Essa parte de peças está crescendo num ritmo muito acelerado, com o aumento da disponibilidade de destinos, como os voos diretos para Frankfurt, Amsterdã, que reduziram o tempo de conexão com a China. E isso é um benefício muito grande", diz Fernandes.

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