Cadastro Positivo pode injetar R$ 29 bi no Ceará

Com base em pesquisa da Serasa, ANBC destaca redução de até 45% na inadimplência no Estado devido à mudança

Escrito por Redação ,

Com votação prevista para o início de abril na Câmara dos Deputados, o Cadastro Positivo, se aprovado - e sancionado pelo presidente Michel Temer - pode injetar R$ 29 bilhões na economia do Ceará, segundo aprofundamento de pesquisa da Serasa Experian a pedido da Associação Nacional dos Bureaus de Crédito (ANBC). O levantamento aponta ainda que a medida pode também possibilitar o acesso ao crédito para um contingente adicional de 947 mil consumidores e promover uma redução de até 45% na inadimplência, taxa que atualmente está em 37,2%, abaixo da nacional (40,3%).

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O projeto de lei 441/2017 é um dos escolhidos pelo governo como espécie de contrapartida ao engavetamento da Reforma da Previdência e é considerado polêmico, sobretudo por propor a adesão automática dos consumidores à plataforma. Atualmente, no modelo em vigor do Cadastro Positivo, a inclusão é voluntária.

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O presidente da ANBC, Elias Sfeir, destaca que, com a medida, a decisão de conceder ou não crédito a determinada pessoa "será tomada de forma mais justa". "A adição de mais pessoas e a ampliação do crédito para quem já está no mercado, proporcionadas pelo novo modelo de Cadastro Positivo, têm potencial para baixar os juros dos empréstimos e financiamentos", avalia.

Ele defende que o novo Cadastro Positivo oferecerá ao consulente uma visão mais abrangente e fidedigna do perfil de pagamento do tomador de crédito. "Hoje em dia, a gente só registra automaticamente quando o consumidor está negativado, se há algum débito. Com o cadastro positivo, a gente começa a ter acesso a um score de pagamento, então, em vez de ter apenas uma fotografia dos pagamentos, será possível ter um filme", compara Sfeir.

Entretanto, ele frisa que o acesso às informações não ocorrerá de forma totalmente deliberada, como temem consumidores contrários à proposta e as entidades de proteção e defesa do consumidor. "Na nova proposta, o que vai ficar aberta é a pontuação do consumidor", diz.

Além da avaliação de crédito mais justa com base no score e da possibilidade de crédito mais acessível, a ANBC acredita ainda que, entre os benefícios, está a melhoria de crédito para as classes menos favorecidas e, com a injeção do recurso na economia, aquecimento da economia, ocasionando geração de emprego e de renda.

Aquecimento da economia

Ainda com base no estudo da Serasa, a ANBC avalia que a ferramenta pode impulsionar o Produto Interno Bruto (PIB) anual do País, injetando, em médio prazo, até R$ 1,1 trilhão na economia. "Com o novo Cadastro Positivo, as classes C, D e E, as mais baixas, têm mais possibilidade de subir suas pontuações de crédito, o que é mais justo", diz Sfeir.

Na avaliação do SPC Brasil, as mudanças no Cadastro Positivo devem melhorar a ferramenta. "Essa mudança deverá impactar de forma muito positiva a plena implementação do Cadastro Positivo, pois um dos seus entraves atualmente é a dificuldade que as instituições captadoras têm lidado para aumentar a base de cadastrados. Para que o Cadastro Positivo se torne um benefício substancial para a sociedade brasileira, é necessário uma base maior de usuários", analisa o presidente da instituição, Roque Pellizzaro, por meio de nota.

Reflexos

Para ele, o atual Cadastro Positivo, em vigor desde 2013, vai na contramão dos países que adotaram a ferramenta de forma efetiva e que já conseguiram sentir a desburocratização da oferta de crédito de forma mais robusta.

"Diferentemente de outros países onde o Cadastro Positivo é conhecido e considerado importante elemento para o mercado financeiro, como nos Estados Unidos, Inglaterra, Chile e México, no Brasil grande parte ainda desconhece. Isso deve mudar ao longo dos próximos anos, e tantos as empresas e a economia do País quanto a população verão os reflexos positivos dessa ferramenta", finaliza Pellizzaro.

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