"As marcas precisam ter uma postura atitudinal"

As marcas, seu papel e propósito para os negócios, vêm, cada vez mais, sendo pensadas por especialistas no tema

Escrito por Valerya Abreu - Colunista ,
Legenda: Simone Moura é Especialista em comportamento de consumo. Mestre em Ciências da Comunicação e Tecnologia pela Universidade do Minho em Portugal.

Para especialistas em branding, a construção de uma marca se inicia pela definição das suas estratégias, alinhada aos guidelines definidos, para só então virem todas as demais definições que irão resultar na construção da identidade que será refletidas nos equitys visuais e verbais e consequente imagem de marca. Nesse contexto, entram diversos profissionais, agências e escritórios especializados, que participam do processo.

Simone Moura, CEO da Ping-Pong, criada há dez anos em Fortaleza, já deixa claro que "não somos uma agência de publicidade e propaganda" e declara que o foco da sua empresa é " estudar, pesquisar e mergulhar em cada negócio respeitando a cultura e DNA de cada marca". Ela fala aqui sobre isso e muito mais.

Simone, fala um pouco sobre a visão de vocês sobre as marcas.

As marcas precisam de atitude

É preciso ter uma postura atitudinal de marca. Entregar uma experiência de consumo e ser uma marca que atue como um agente transformador. A maneira como as pessoas compram, têm contato com a mídia ou com os produtos que uma empresa produz, mudou. Não podemos continuar a fazer comunicação como há 10 anos.

E com relação à comunicação de marca, o que mudou?

Para a Ping Pong Estratégia, não existe comunicação se não houver entendimento em profundidade sobre como e porquê as pessoas consomem. Não adianta criar uma bela campanha publicitária se sua empresa não tem posicionamento percebido e nem presença de marca. O empresário passou a querer investir na marca

E com relação ao branding, que estágio você considera que já estamos de valorização dessa atividade por aqui?

O termo branding ou brand management durante muito tempo no mercado do Ceará, era algo que muitos empresários não davam atenção. Lembro que por diversas vezes que tentei mostrar a Ping Pong para muitos deles e falar sobre estratégia de comunicação, conteúdo atitudinal, comportamento de consumo, inovação nos processos ( que nada tem haver com tecnologia ou logística), mas no início a resistência foi grande. Lembro inclusive de uma pessoa do mercado que disse que o nome da Ping Pong Estratégia não seria entendido pelo mercado. Mas na verdade essa pessoa estava enganada e para a nossa felicidade a nossa marca tem tido grandes oportunidades de discutir e levar nossa proposta para muitos empresários os quais são inspiradores e respeitamos.

E o que realmente diferencia vocês no mercado local?

Na verdade a Ping Pong não nasceu para dificultar e não nasceu para competir com ninguém. A palavra "ping pong" significa que estamos prontos para receber as demandas e rebater com precisão, com estudo e com planejamento. Não trabalhamos de maneira rápida ou aleatória. E escolhemos com quem queremos trabalhar porque para a gente estar com pessoas inspiradoras e com propósito de marca transparentes, só nos faz bem. A estratégia pode significar planos simples , porém inteligentes e eficazes e não necessariamente estar ligado a metodologias complicadas ou modelos de negócios que o mercado não esteja preparado para receber ou ainda "modelos da moda" que não se sustentam.

Vocês já percebem alguma mudança no mindset no mercado, com relação à valorização das marcas?

Com o tempo, muitos empresários começaram a nos procurar porque vender passou a ser uma tarefa muito difícil, principalmente para as empresas que não tinham um posicionamento forte de mercado ou não conheciam verdadeiramente seu consumidor e suas reais necessidades. Além disso, de repente a concorrência passou a não ter mais fronteiras, os produtos ficaram similares demais e alguns segmentos de mercado passaram a entregar a mesma proposta para seus clientes. Por exemplo: todo carro passou a ser o mais econômico ou toda a construtora passou a ter a localização mais privilegiada. Essa fórmula, não funciona mais.

E qual a saída você considera que seja mais estratégica diante de tudo isso?

O modelo de negócio é levar as empresas a pensar - a sair da zona de conforto, a encontrar seu propósito de marca e ser o mais verdadeiro possível. E por isso, a cada trabalho nossa equipe se transforma e se complementa para atender as demandas específicas. Estamos desenvolvendo no momento um projeto que inclui um antropólogo, diretores de criação, um produtor audiovisual e um arquiteto.

Nessa perspectiva, algum job especial foi desenvolvido e serviu de referência?

Em oito anos de atuação no mercado, a Ping Pong Estratégia desenvolveu muitos projetos para a indústria, o setor do varejo e tem sido atuante nos segmentos de shopping centers , incorporadoras, supermercados , empresas dos setor de saúde e administradoras de condomínio. O que buscamos é contribuir com as empresas. Não importa seu tamanho e nem onde estejam. Pensamos de forma coletiva e construtiva. Vamos para dentro de cada

Operação, ouvimos as pessoas, suas lideranças e parceiros. E isso tem sido um grande diferencial para termos sucesso nos projetos que desenvolvemos. Criamos com embasamento mercadológico, de pesquisa e de comportamento das pessoas. Mas criamos, acima de tudo, com paixão pelo nosso trabalho e com o compromisso de um resultado positivo. Hoje temos projetos no Rio de Janeiro, em Fortaleza e em Portugal.

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