Angola Cables quer cabo ligando a Capital cearense ao Oriente

Após a conclusão de um dos dois cabos submarinos de fibra ótica, a companhia africana de telecomunicações planeja diminuir o tempo de conexão entre Fortaleza e cidades como Hong Kong, Singapura e Tóquio

Escrito por Hugo Renan do Nascimento , hugo.renan@diariodonordeste.com.br

Após dar início à operação do cabo submarino South Atlantic Cable System (Sacs) entre Fortaleza e Luanda (Angola), a companhia Angola Cables pretende ligar a Capital à Ásia. "Nós vamos precisar de diferentes cabos submarinos para fazer isso. A Angola Cables ainda não detém cabos na costa leste africana. Temos algumas parcerias já feitas que estão em construção. Temos planos de ligar Fortaleza a Hong Kong e a Xangai. E depois a Tóquio e Singapura. Quando fizermos essa linha do Oriente, vamos agregar valor", explica Antonio Nunes, CEO da Angola Cables.

Segundo ele, a parceria para a ligação entre Fortaleza e a Ásia deve ser anunciada ainda neste ano. Além disso, Nunes afirma que há interesse da companhia em abrigar novos cabos na Capital. "Antes de tudo é preciso pagar este (Sacs). O nosso foco agora é menos no investir e mais no rentabilizar. Nós temos a perspectiva de atrair para Fortaleza toda a conectividade porque essa é uma das razões pelas quais o Data Center está instalado aqui", completa.

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Nunes também destaca que a Capital cearense já está conectada a Argentina e ao Chile. "Acabamos de fechar essa parceria e neste momento Fortaleza está ligada a Santiago e Buenos Aires. Nós fechamos isso há pouco tempo", acrescenta.

Com o cabo Sacs, a concorrência do Nordeste, principalmente o Ceará, com o Sudeste vai aumentar. "Isso se deve porque o Ceará tem saídas internacionais, por ser um ponto de conexão de cabos. É possível que as empresas internacionais de comunicação estejam alocadas aqui e não mais em São Paulo", observa o CEO da Angola Cables.

Mudanças

O Sacs muda a conectividade para determinados tipos de serviços, segundo ele. "Se for um serviço de e-mail não há diferença nenhuma, agora para determinados serviços, como financeiros, bolsas de valores e transações entre a América Latina e os mercados financeiros africanos, torna-se muito mais eficiente. Passamos a ter rotas alternativas para os mercados europeus. Posso chegar a Europa numa via alternativa", exemplifica Nunes.

Segundo o executivo, as mudanças não são imediatas e precisam de mais tempo para que empresas sintam a evolução da conectividade.

"As coisas não são tão diretas até porque a maturidade deste cabo não é imediata. É algo que vem com mais tempo porque os engenheiros definem suas redes de acordo com aquilo que têm nas mãos", explica.

Nunes cita a conexão da Netflix como exemplo. "A Netflix que vemos na África está nos Estados Unidos. A informação precisa ir primeiro para a Europa e depois para a África. Agora, os dados fazem uma rota alternativa. Significa dizer que, se o Data Center da Netflix for atualizado no Brasil, ele muito rapidamente atualiza na África por causa da conectividade com Fortaleza. É um ganho de valor para todo o mercado", acrescenta.

Data Center

Com mais de 80% das obras concluídas, o Data Center, na Praia do Futuro, tem previsão de ser inaugurado até o fim deste ano. "O processo atrasou ligeiramente por diferentes problemas inerentes à própria obra, mas já estamos no caminho certo. Vamos concluir as obras ainda este ano e, no princípio de 2019, ele estará pronto para comercialização", estima.

Conforme Nunes, já existem até sete clientes confirmados. "Nós já temos clientes relevantes que vão estar dentro do Data Center como o PTT Acadêmico e o Centro de Investigação da Flórida. Isso é muito bom porque vamos poder alocar os conteúdos acadêmicos da América Latina em Fortaleza", destaca.

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