Alimentação fora de casa fica mais cara em Fortaleza

Alta foi impulsionada pelas bebidas alcoólicas e pelo avanço nos preços das refeições e dos lanches

Escrito por Ingrid Coelho - Repórter ,
Legenda: As refeições consumidas fora de casa subiram 2,52% entre junho de 2017 e junho deste ano, ajudando a impulsionar a inflação da alimentação fora do lar, conforme mostram dados do IBGE

Buscar um restaurante ou uma lanchonete como meio de lazer pesou mais no bolso do fortalezense nos últimos 12 meses até junho. Isso porque comer fora do domicílio no período ficou 2,51% mais caro antes os 12 meses imediatamente anteriores, de acordo com os dados mais recentes da inflação medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), divulgado mensalmente pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Na contramão da inflação dos alimentos fora do domicílio, a alimentação em casa ficou 1,85% mais barata.

O presidente do Sindicato de Bares, Restaurantes, Barracas de Praia, Buffets e Similares do Ceará (Sindirest-CE), Moraes Neto, acredita que a alta foi impulsionada pelo que é consumido fora nos momentos de lazer. "Esse aumento em 12 meses embute custos com combustíveis, reajuste de energia elétrica e mão de obra e tudo isso influencia o preço final", detalha. Entre as principais altas estão a cerveja (3,86%); outras bebidas alcoólicas (3,07%); refeição (2,52%) e lanche (2,36%).

Ele aproveita para destacar que o setor tem trabalhado no limite. "Embora os insumos sejam os mesmos, tudo isso influencia. A gente repassa isso para o consumidor quando não é mais possível segurar", explica Moraes Neto.

Principais vilões na composição da inflação no período, os alimentos são seis dos dez produtos com maior variação. A cebola lidera o ranking, com expressiva alta de 85,47% nos últimos 12 meses até junho ante os 12 meses imediatamente anteriores. As posições seguintes são ocupadas pela cenoura (47,68%); pelos tubérculos, raízes e legumes (44,51%); pela batata-inglesa (36,06%) e pelo tomate (29,27%). Em seguida, na sexta posição, aparece a gasolina, com inflação de 23,52% nos últimos 12 meses, seguido pela taxa de água e esgoto (22,97%); pelos combustíveis veiculares em geral (22,07%), pelo cimento (21,61%) e pelo mamão, com alta de 18%.

O economista Ricardo Eleutério fala trajetória da inflação nos últimos 12 meses dividindo a avaliação em dois momentos: o primeiro, no início do período, é marcado pela desaceleração do índice, o que ajudava a animar a economia, e o segundo traz a aceleração da inflação, com a interrupção no corte da taxa básica de juros, a Selic, aumento do desemprego, desaceleração da atividade econômica e pressão do câmbio.

"No início, houve uma desaceleração que permitiu ao Banco Central reduzir a Selic, com a taxa chegando a 6,5%. Mais recentemente, temos assistido uma pressão inflacionária advinda dos alimentos e com influência dos combustíveis, que também têm um impacto direto na alimentação em decorrência do nosso modal de transporte, que é todo baseado nas rodovias", detalha Ricardo Eleutério.

Ele prossegue lembrando que havia uma previsão de redução ainda maior da taxa Selic, de 6,5% para 6,25%. "Quando o comportamento passa por essa mudança, especialmente nos últimos dois meses, o Banco Central também resolve mudar a sua postura em relação à taxa básica de juros. Adicionalmente, também contribuiu para essa interrupção a explosão do câmbio, com o dólar acumulando alta de 14% no ano e o euro também. O câmbio também é um componente inflacionário", detalha.

Ele detalha que, além da desvalorização do real e da pressão nos preços dos alimentos, a política da Petrobras de reajuste nos preços dos combustíveis contribui para pressionar o índice. "Quando sobe nas distribuidoras, o reajuste chega ao consumidor, mas quando há redução, o preço não cai. Isso vai corroendo a renda", explica o economista.

Eleutério também destaca a deterioração das expectativas dos agentes econômicos nos últimos meses. "Houve um avanço do pessimismo em várias pesquisas que medem esse cenário, com ceticismo ou pessimismo em variáveis como emprego e inflação", diz, acrescentando que a incerteza no cenário político contribui negativamente. "Existe a deterioração das expectativas para o presente ao para o futuro. Há uma descontinuidade da recuperação, um processo muito lento e descontínuo".

Deflações

Na outra ponta do ranking do IPCA acumulado em 12 meses, as principais deflações em Fortaleza ficaram por conta do feijão. Lideram a lista o feijão-mulatinho, com retração de 45,23% em um ano, o feijão-carioca, com baixa de 43,34% e o feijão-macassar (carioca), com recuo de 35,11%. Em seguida estão o alho -33,30%; açúcar cristal (-22,35%); farinha de mandioca (-21,47%); cereais, leguminosas e oleaginosas (-21,11%); açúcar refinado (-19,93%); açúcares e derivados (-16,92%) e milho-verde em conserva (-15,92%).

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