Alheios à crise, restaurantes de comida a quilo crescem na Capital

Segmento é presente no cotidiano dos fortalezenses, que enxergam uma forma prática e com qualidade para se alimentar cotidianamente

Escrito por Bruno Cabral , bruno.cabral@diariodonordeste.com.br

Presente no mundo inteiro, o modelo de restaurante self-service se adaptou à realidade brasileira e deu origem a um segmento que, praticamente, só existe no País: a comida a quilo. Com características próprias, esse segmento, que hoje conta com cerca de 400 estabelecimentos apenas na Capital, cresceu mesmo durante os piores momentos da crise econômica. Enquanto restaurantes tradicionais fechavam as portas, a quantidade de self-services a quilo aumentou, sobretudo em regiões com grande adensamento de prédios comerciais.

"O crescimento desse setor é notório. E o Ceará em si, pela culinária farta e rica, abraçou essa característica do self-service que cresceu muito", diz Taiene Righeto, diretor executivo da Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel) no Ceará. "Além disso, de 2014 para cá, a crise econômica marcou muito o setor de alimentação e o segmento de comida a quilo conseguiu resistir melhor, com o surgimento de outros estabelecimentos, enquanto bares e restaurantes fecharam".

A Abrasel estima que aproximadamente 10% dos estabelecimentos de bares e restaurantes em operação no Estado sejam do segmento de self-service a quilo.

Além de ser uma alternativa de refeição principal prática e acessível, o self-service tornou-se uma solução rápida para quem precisa almoçar fora de casa, com grande variedade de opções. A advogada Isabele Cartaxo, cliente frequente de restaurante self-service, conta que a necessidade de uma refeição rápida e com qualidade foi determinante para essa opção.

"Meu dia é muito corrido, não dá tempo fazer comida em casa, por isso procuro o self-service, onde encontro uma comida confiável e saudável", diz. Outro fator positivo é a variedade e o preço. "Sempre tem comida diferente e é um pouco mais barato do que em restaurantes à la carte".

"Diferente de um fast-food, no self-service você consegue comer bem, de forma saudável, com variedade e qualidade, além da rapidez. Então, é um segmento que atende pessoas que têm pouco tempo para comer na hora do almoço", diz Righeto.

"E, para o empresário, o self-service tem uma capacidade melhor de se adaptar ao ticket médio do consumidor e de variar o cardápio do que outros segmentos", completa o presidente da Abrasel.

Localização

Em Fortaleza, a maior parte dos self-services ficam nos bairros da Aldeota, Meireles, Bairro de Fátima, Praia de Iracema, Dionísio Torres e no Centro. Como a maior parte dos clientes de restaurantes a quilo trabalham no entorno, a localização acaba sendo um fator fundamental para o sucesso do negócios.

O empresário Eduardo Mello, proprietário do Restaurante Renascença, abriu seu self-service na Aldeota há pouco mais de um ano. E, a partir daí, ele diz que o movimento quadruplicou, superando em muito as expectativas iniciais. No entanto, apesar de ter escolhido um dos bairros da Capital com a maior concentração de restaurantes, ele conta que decidiu se afastar do eixo mais disputado, no quadrilátero formado pelas avenidas Dom Luís, Santos Dumont, Desembargador Moreira e Senador Virgílio Távora.

"Essa é a área onde estão os melhores restaurantes self-service de Fortaleza, com maiores valores por quilo e com história no mercado. E, quando me estabeleci, procurei me afastar um pouco desse eixo, oferecendo uma faixa de preço não tão agressiva, mas com um ambiente e opções de alimentos similares", diz Mello.

Enquanto na região das avenidas Santos Dumont e Dom Luís o preço do quilo fica em torno de R$ 80, no Renascença fica em torno de R$ 55. "Então eu vim para perto da Antônio Sales para estabelecer um restaurante inspirado nesses que considero os melhores da cidade", diz o empresário.

Mesmo com o crescimento em pouco mais de um ano, Mello acredita que o mercado consumidor ainda está muito retraído, o que deve mudar após o período eleitoral.

Investimento

Segundo Taiene Righeto, embora, de modo geral, o investimento inicial no setor de restaurantes não seja baixo, no segmento de self-service é possível iniciar um negócio com um montante mais baixo, em relação à média do setor. Já para se prosperar no ramo, diante da concorrência crescente, ele diz que se destacam aqueles que conseguem unir qualidade e variedade para atender todos os públicos.

"Não é só o preço, mas você tem de atender desde um vegetariano até quem gosta de carne de churrascaria. A variedade acaba sendo um diferencial para quem quer se destacar nesse mercado", afirmou o presidente da Abrasel.

Segundo pesquisa do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), de cada dez restaurantes de pequeno porte no Brasil, seis adotam o sistema self-service, ou comida por quilo. O levantamento apontou que 61% desses estabelecimentos trabalham com a modalidade de self-service em algum momento do dia, sendo que 47% atendem exclusivamente com esse tipo de serviço.

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