Agronegócio se manifesta contra lei que proíbe pulverização aérea

Carlos Prado, presidente da Câmara Setorial que representa o setor, pediu exoneração do cargo e obteve apoio de outros líderes, que planejam recorrer à Justiça contra a sanção do governo estadual

Escrito por Egídio Serpa , egidio.serpa@diariodonordeste.com.br
Legenda: Técnicos atestam que é impossível pulverizar bananais sem aviões

Em sinal de protesto contra a decisão do Governo do Estado, que sancionou a Lei que proíbe a pulverização aérea com defensivos agrícolas em toda a geografia do Ceará, o empresário Carlos Prado renunciou à Coordenação da Câmara Setorial do Agronegócio. Ele é considerado o principal líder do agronegócio cearense.

Após a decisão de Carlos Prado, o presidente da Associação Brasileira de Produtores Exportadores de Frutas (Abrafrutas), Luiz Roberto Barcelos, maior produtor e exportador de melão e melancia do País, solidarizou-se: "Parabéns, Carlos Prado. Receba meus cumprimentos pela atitude ética e muito coerente, típica de sua personalidade".

Desenvolvimento inibido

Na mensagem transmitida ao secretário Maia Júnior, o empresário Carlos Prado diz: "Com relação à sanção da Lei que proíbe a pulverização aérea no Ceará, refleti a respeito e decidi renunciar ao cargo de Presidente da Câmara Setorial do Agronegócio. Não me vejo confortável, participando oficialmente de um trabalho para o agronegócio em colaboração com o setor público, em um Estado onde o próprio governador sanciona Lei que inibe o desenvolvimento dessa atividade, gerando o desemprego de grande número de pessoas. Enquanto isso, o País acaba de assumir o uso de drones , fornecidos por Israel, para introduzir tecnologia de ponta na pulverização aérea, já com o Ceará excluído dessa iniciativa. Continuarei colaborando com o sucesso dos trabalhos do amigo, nesse novo desafio na SDE, sempre que solicitado".

Bananicultura

De acordo com os principais empresários do agronegócio cearense, a Lei que proíbe a pulverização aérea no Ceará terá, como primeira consequência negativa, a inviabilização da cultura da banana no Sul do Ceará, cuja produção vinha crescendo extraordinariamente. "A produção de banana no Ceará está inviabilizada", sentencia o presidente da Abrafrutas.

Carlos Prado entende que a Lei sancionada pelo governador Camilo Santana torna o Ceará "o único Estado brasileiro que proíbe a pulverização aérea". E acrescenta: "Enquanto os outros incentivam o agronegócio, o Ceará cria dificuldades para o seu desenvolvimento". Ampliando as consequências dessa proibição, Luiz Barcelos assegura que "também o plantio da cana de açúcar está inviabilizado no Estado", o que impede, igualmente, qualquer plano de recuperação da usina de açúcar de Barbalha, base de ação política do governador.

Por sua vez, Edson Brok, grande produtor de banana na Chapada do Apodi solidarizou-se com Carlos Prado e condenou a sanção da Lei que proíbe a pulverização aérea. Os técnicos afirmam que é impossível pulverizar plantações de banana sem o uso da aviação, que, no Brasil, dispõe de uma frota de mais 1.200 aeronaves, as quais usam moderna tecnologia em áreas agrícolas de grandes extensões.

Justiça

A proposta foi aprovada pela Assembleia Legislativa em dezembro passado, nos últimos dias da última legislatura. Este colunista colheu junto a várias fontes que os empresários do agronegócio movimentam-se no sentido de mobilizar a Federação das Indústrias (Fiec) e a Federação da Agricultura do Ceará (Faec) no sentido da adoção de providências que questionem essa Lei junto ao Poder Judiciário.

Os destaques das últimas 24h resumidos em até 8 minutos de leitura.
Assuntos Relacionados