Yulia fala; Moscou exige respostas

Escrito por Redação ,
Legenda: Yulia Skripal, de 33 anos, disse que terá alta médica em breve, após ela e o pai terem sido envenenados
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Londres/Moscou. Yulia Skripal saiu do silêncio para dizer que está "a cada dia melhor", após ter sido envenenada no sul da Inglaterra com o pai, um ex-espião russo, que traiu Moscou ao vender segredos de Estado ao governo britânico.

Acusada por Londres de ser responsável por este envenenamento na origem de uma das mais graves crises diplomáticas entre Moscou e os países ocidentais desde a Guerra Fria, a Rússia advertiu o Reino Unido de que suas "questões legítimas" não podem ser ignoradas.

"Eu acordei há mais de uma semana e estou feliz em poder dizer que me sinto cada dia melhor", declarou Yulia, de 33 anos, citada em um comunicado da Polícia britânica. Pouco antes, a TV pública russa havia divulgado uma gravação que seria uma conversa por telefone entre Yulia e sua prima Viktoria, que mora na Rússia. No áudio, Yulia afirma que ela e seu pai, Serguei, encontram-se em fase de recuperação, e que ela poderá, em breve, deixar o hospital. O envenenamento dos Skripal em solo britânico em 4 de março deflagrou, desde o dia 14, uma onda histórica de expulsões cruzadas da Rússia e de países ocidentais, envolvendo cerca de 300 diplomatas.

Os 60 diplomatas americanos com postos na Rússia expulsos por Moscou embarcavam de volta com suas famílias, ontem. O ministro russo das Relações Exteriores, Serguei Lavrov, afirmou que a situação atual do caso Skripal "cria uma ameaça para a paz e para a segurança no mundo". Moscou nega, categoricamente, qualquer ligação com o envenenamento dos Skripal e denuncia "uma provocação" ocidental e "uma campanha antirrussa".

'Novitchok'

O governo russo disse se considerar isento das acusações, sobretudo, após as declarações do laboratório especializado britânico, que analisou a substância usada contra o espião.

Segundo essa instituição, tratou-se de Novitchok, um agente neurotóxico do tipo militar de concepção soviética.

O laboratório reconheceu, porém, não ter provas de que a substância usada contra os Skripal tenha sido fabricada na Rússia. O presidente russo, Vladimir Putin, apontou que uma substância como a que foi usada em Salisbury poderia ter sido fabricada "em pelo menos 20 países".