Trump rompe acordo, pune Irã e agrada a Israel

Com a saída do pacto, Washington volta a aplicar sanções para reduzir a influência de Teerã no Oriente Médio

Escrito por Redação ,

Washington. Ignorando os clamores das principais potências mundiais, o presidente Donald Trump anunciou, ontem, a retirada dos EUA do acordo nuclear com o Irã, firmado em 2015 entre sete países, e restabeleceu as sanções econômicas contra o gigante árabe exportador de petróleo, acirrando tensões geopolíticas no Oriente Médio.

Aliado dos EUA, Israel, que teme o avanço de Teerã na região, aplaudiu o abandono do acordo. O premiê israelense, Benjamin Netanyahu, disse que "apoia totalmente" a decisão "corajosa" de Trump. Israel se considera um dos alvos de um Irã dotado com armas atômicas.

A histórica decisão de Trump tem o potencial de desestabilizar o equilíbrio político no Oriente Médio, abrindo a "caixa de Pandora", como afirmou o presidente francês, Emmanuel Macron.

"Poderia haver uma guerra", disse Macron, que tentou, em vão, manter os EUA no pacto.

Trump, porém, declarou que considerou o acordo "desastroso" e acusou o Irã de ser "o principal Estado patrocinador do terrorismo", dando apoio a grupos como o Hamas, Hezbollah, Taleban e a Al Qaeda. "Se permitirmos que esse acordo prossiga, em breve haverá uma corrida armamentista nuclear no Oriente Médio", afirmou o americano.

Em 2015, o acordo, firmado entre EUA, Irã, França, Alemanha, Reino Unido, China e Rússia, impôs limites ao programa nuclear do Irã. Como contrapartida, sanções econômicas impostas ao país foram aliviadas, rompendo um isolamento de décadas entre Teerã e o Ocidente. Com o acordo em vigor, a União Europeia voltou, por exemplo, a comprar petróleo do país. A partir de agora, o Irã terá de renegociar o pacto sem os EUA na mesa.

 

Alvos da América

Irã. Casa Branca quer reduzir a influência de Teerã no Oriente Médio. O Irã é acusado de armar milícias na Síria e Líbano para ameaçar Israel. A Arábia Saudita, aliada dos EUA, é rival do Irã nesta região rica em petróleo e minerais

Rússia. Trump apoiou o Reino Unido na crise diplomática dos ingleses com o país dirigido por Putin. Londres acusou Moscou de envenenar um ex-espião russo e sua filha com arma química em solo inglês. Os EUA também acusam o Kremlin de sustentar o regime do ditador sírio Bashar al-Assad

Síria. Apoiado pela França e Reino Unido, EUA atacaram instalações de pesquisa da Síria, acusada de usar arma química contra civis, inclusive crianças, em regiões rebeldes

Coreia do Norte. O regime de Kim Jong-un, cujo parceiro comercial é a China, desenvolveu arsenal nuclear e ameaçava lançar mísseis contra Coreia do Sul e Japão, aliados dos EUA. Trump negocia um acordo de desnuclearização com Kim

Venezuela. Os EUA aplicaram sanções contra empresas do país sul-americano, produtor de petróleo, por elo com o narcotráfico. Nicolás Maduro é acusado pelos EUA de reprimir a oposição e fraudar eleição