Trump responde à ameaça do Irã

Presidente americano usou rede social para rebater Hassan Rohani, revivendo a retórica beligerante de 2017

Escrito por Redação ,
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Washington/Teerã. O presidente norte-americano, Donald Trump, advertiu o Irã, sobre as duras consequências que sofrerá se ameaçar os EUA.

"NUNCA MAIS VOLTE A AMEAÇAR OS ESTADOS UNIDOS OU SOFRERÁ CONSEQUÊNCIAS QUE MUITOS POUCOS SOFRERAM AO LONGO DA HISTÓRIA", tuitou Trump em mensagem direta ao presidente iraniano, Hassan Rohani.

"NÃO SOMOS MAIS UM PAÍS QUE SUPORTARÁ SUAS PALAVRAS DEMENTES DE VIOLÊNCIA E MORTE. TENHA CUIDADO!", acrescentou Trump, em uma mensagem incomumente escrita integralmente em letras maiúsculas.

Este tuíte de Trump foi postado após Rohani advertir Trump, também no domingo, a não "brincar com fogo", garantindo que um conflito com o Irã seria "a mãe de todas as guerras".

"Você nos declara guerra e depois nos fala de sua vontade de apoiar o povo iraniano", afirmou Rohani, referindo-se a Trump durante uma reunião de diplomatas iranianos. "Você não pode provocar o povo contra sua segurança e seus próprios interesses", frisou, em declaração transmitida pela TV.

A dura troca verbal lembra a escalada retórica entre Trump e o líder norte-coreano, Kim Jong-un, antes do alívio da tensão após o histórico encontro entre ambos. Trump fez do Irã um de seus alvos favoritos depois da inesperada aproximação com a Coreia do Norte. O chefe da milícia iraniana Bassidj, general Gholam Hossein Gheypour, reagiu, ontem, às ameaças de Trump.

"As declarações de Trump contra o Irã se enquadram em uma guerra psicológica. Ele não está em posição de agir contra o Irã", afirmou o general.

O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, também reagiu, ontem, elogiando a "posição dura" de Trump.

"Quero saudar a dura posição manifestada ontem pelo presidente Trump e pelo secretário de Estado, Mike Pompeo, contra a agressividade do regime do Irã", disse o premiê.

Distração

Ontem, em Washington, muitos interpretavam as duras palavras de Trump como uma estratégia de distração, enquanto o presidente sofre fortes críticas por seu comportamento aparentemente conciliatório com o presidente russo Vladimir Putin em reunião em Helsinque.

"Frustrado pela falta de progresso com a Coreia do Norte, irritado com as reações negativas depois da cúpula de Helsinque, Trump tenta mudar de assunto", declarou Aaron David Miller, ex-diplomata e negociador nos governos democratas e republicanos.

Segundo Rob Malley, presidente do International Crisis Group, os líderes europeus "não estão levando a sério" o tuíte, encarando como uma forte de tirar a atenção de Putin e de Robert Mueller, o procurador especial que investiga o possível conluio entre Moscou e a equipe de Trump nas eleições de 2016.