Tribunal condena ex-presidente da Coreia do Sul

Primeira mulher eleita chefe de Estado naquele país asiático foi sentenciada por atos de corrupção

Escrito por Redação ,
Legenda: Após processo que durou mais de dez meses, Park Geun-hye foi considerada culpada também pela acusação de abuso de poder
Foto: Foto: Ag. France Presse

Seul. A ex-presidente sul-coreana Park Geun-hye foi condenada na sexta-feira (6) a 24 anos de prisão por um escândalo de corrupção, ponto final da dramática queda em desgraça da primeira mulher eleita chefe de Estado na Coreia do Sul.

A sentença acaba com mais de dez meses de julgamento, no qual Park foi considerada culpada em várias acusações, entre elas abuso de poder e corrupção.

Park foi destituída e detida em março de 2017 em função de uma série de suspeitas que revelaram as relações ilícitas entre o poder político e os grandes conglomerados.

O juiz Kim Se-yoon afirmou que Park forçou as empresas sul-coreanas a pagar dezenas de milhões de wones (moeda sul-coreana) a duas fundações controladas por sua confidente e amiga íntima de 40 anos Choi Soon-sil em troca de favores políticos.

"A acusada usou de maneira ilegal sua autoridade presidencial a pedido de Choi para obrigar as empresas a dar dinheiro para suas fundações", afirmou o magistrado.

"As empresas foram obrigadas a dar somas importantes de dinheiro e a acusada deixou Choi controlar as fundações quando não tinha direito de fazê-la", acrescentou.

Os enormes conglomerados sul-coreanos ("chaebols"), em mãos de importantes famílias e com estruturas muito complexas são o motor da economia do país. Grupos como Samsung e Hyundai tiveram um papel crucial no "milagre econômico" dos anos 1960 e 1970, que transformou um país destruído pela guerra.

A ex-presidente, que enfrentava 18 acusações, provocou a ira de uma parte importante da população, pois o caso atiçou o sentimento popular contra os privilégios das elites e das poderosas famílias ao comando dos grandes conglomerados da 11ª primeira economia mundial.

A filha mais velha do ditador militar Park Chung-hee chegou ao cargo de presidente apresentando-se como "incorruptível filha da nação". Park cresceu no Palácio Presidencial, onde seu pai dirigiu o país de 1961 até seu assassinato em 1979. Durante décadas foi considerada como a "princesa" política do país.

Manifestações

A queda da presidente conservadora ocorreu depois de manifestações em massa em todo o país e precipitou eleições antecipadas em maio de 2017, vencidas pelo candidato de centro-esquerda Moon Jae-in. O novo presidente contribui agora para a aproximação em curso entre as duas Coreias.