Theresa May deve apresentar hoje (21) 'plano B' para o Brexit

A pouco mais de dois meses para o Reino Unido deixar a União Europeia, no dia 29 de março, não há nenhum consenso em Londres sobre como, ou até se, o país sairá do maior bloco comercial do mundo.

Escrito por Estadão Conteúdo ,

A primeira-ministra britânica, Theresa May, apresenta, nesta segunda-feira (21), ao Parlamento seu plano alternativo para o Brexit.

O acordo original negociado por ela foi rejeitado pelos deputados na semana passada, por isso a proposta de hoje - que será debatida no dia 29 - definirá as condições sob as quais o Reino Unido deixará a União Europeia.

May fará uma declaração no Parlamento às 15h30 (13h30 no horário de Brasília) e apresentará uma moção propondo novos passos para a saída da União Europeia.

Depois que a moção de May for publicada, parlamentares poderão propor emendas ao documento, apresentando alternativas ao acordo da primeira-ministra.

Prazo se esgotando

Um porta-voz do Partido Trabalhista, de oposição, adiantou ontem (20) que o Reino Unido não conseguirá obter um acordo no prazo estabelecido do Brexit: 29 de março.

Faltando pouco mais de dois meses, alguns membros do Parlamento pressionam para que May peça um adiamento para que os deputados cheguem a um consenso. Keir Starmer, porta-voz trabalhista, disse que o pedido de adiamento é "inevitável".

"Estamos absolutamente despreparados para o Brexit. Poderia ser catastrófico", disse. 

Impasse

O Parlamento está profundamente dividido sobre o Brexit, com diferentes grupos de parlamentares apoiando uma ampla gama de opções, incluindo deixar a União Europeia sem um acordo, realizar um segundo referendo e buscar uma união aduaneira com a UE.

Desde que o Reino Unido decidiu por 52 contra 48 por cento deixar a União Europeia em referendo realizado em junho de 2016, a classe política de Londres tem debatido sobre como deixar o projeto europeu elaborado pela França e pela Alemanha após a devastação provocada pela Segunda Guerra Mundial.

O impasse tem alimentando preocupações de que os britânicos tenham de deixar a UE sem acordo, o que resultaria em tarifas sobre mercadorias que circulam entre o Reino Unido e o bloco, provocando filas, aumento de preço e escassez de produtos. Muitos economistas temem que o país mergulhe em recessão.

O secretário de Comércio Internacional, Liam Fox, escreveu em artigo publicado ontem no Sunday Telegraph que "o fracasso em não realizar o Brexit produziria uma enorme lacuna entre Parlamento e povo".

"Seria um cisma em nosso sistema político com consequências graves." Segundo ele, a raiva da população poderia causar um "tsunami político". 

Desde que teve seu acordo rejeitado no Parlamento, May tem passado os dias se reunindo com deputados do governo e da oposição, em uma tentativa de encontrar um novo plano. As negociações, porém, produziram poucos sinais de mudanças radicais.

Irlanda

No fim de semana, Fox disse que uma possível solução para o impasse poderia ser um acordo com o governo irlandês, garantindo que não haverá controle de fronteiras entre a Irlanda, membro da UE, e a Irlanda do Norte, território que integra o Reino Unido.

Segundo ele, isso poderia diminuir as preocupações sobre a medida mais controversa do acordo - uma garantia conhecida como "backstop", que manteria a Irlanda do Norte temporariamente na união aduaneira e uma fronteira aberta entre as duas Irlandas. 

A questão irlandesa, no entanto é sensível para a base parlamentar de May. Em sua coalizão de governo está o Partido Unionista Democrático (DUP, na sigla em inglês), legenda norte-irlandesa que é contra a proposta porque, segundo eles, deixaria a Irlanda do Norte em um regime diferente do britânico, o que significaria, na prática a unificação da ilha.

Com informações do jornal O Estado de S. Paulo e Reuters