Por esmagadora maioria, cantão suíço vota na proibição da burca

Com isso, este cantão se soma à região vizinha de Ticino, onde entrou em vigor, em julho de 2016, a proibição do uso de burcas

Escrito por Agence France-Presse ,

Quase 67% dos eleitores do cantão suíço de Saint-Gall votaram, neste domingo (23), a favor da "proibição da burca" em espaços públicos nessa região, no mesmo dia em que acontece, em nível nacional, a consulta para proibir de forma permanente os alimentos transgênicos no país.

Com isso, este cantão se soma à região vizinha de Ticino, onde entrou em vigor, em julho de 2016, a proibição do uso de burcas e de outros tipos de véus muçulmanos nas vias públicas.

Os legisladores de Saint-Gall aprovaram, no ano passado, um texto que determina que "qualquer pessoa que se torne irreconhecível, cobrindo o rosto em um espaço público, e ponha em risco a segurança pública, ou a paz social e religiosa será multada".

A lei foi aprovada pelo Parlamento regional com o apoio de partidos de direita e de centro. Os Verdes e a Juventude Socialista bloquearam sua aplicação, porém, e lançaram o referendo para que a questão fosse decidida pela população.

Não existe nenhuma lei que regule essa forma de vestir no território suíço. O governo considera que é um assunto que cabe a cada cantão decidir.

Está previsto, porém, que os suíços se pronunciem sobre a questão em um referendo nacional, provavelmente em 2019, depois que um grupo de cidadãos conseguiu reunir as 100.000 assinaturas necessárias para a consulta.

A maioria dos eleitores suíços vota pelos correios nas semanas prévias aos referendos, e os resultados quase definitivos costumam ser anunciados a poucas horas do fechamento das urnas.

Agricultura sem transgênicos

Também neste domingo, em nível nacional, os suíços se pronunciam sobre duas iniciativas populares procedentes dos círculos ambientalistas e agrícolas para exigir uma reestruturação da produção agrícola por meio de novas normas sociais e ecológicas de produção.

Uma delas, denominada "Pela soberania alimentar", imporia normas sociais e ecológicas aplicáveis na Suíça aos produtos importados, sob pena da proibição de ingresso, ou da aplicação de tarifas.

O texto prevê a transformação da moratória sobre os organismos geneticamente modificados (OGM) em uma proibição definitiva. Implantado após um referendo em 2005, este veto foi prorrogado três vezes pelo Parlamento e estará em vigor até 2021.

O governo federal se opõe às duas iniciativas agrícolas - e com razão, na avaliação do economista Stefan Legge, da Universidade de Saint-Gall, entrevistado pela AFP.

"O grupo de pressão agrícola tenta se isolar do restante da economia e da concorrência internacional", lamentou ele, em declarações na semana passada.

Embora a maioria dos suíços se oponha aos produtos transgênicos, é provável que a iniciativa seja rejeitada, segundo pesquisa de opinião publicada em meados de setembro pelo grupo de mídia Tamedia.