Partido no comando da África do Sul marca reunião de emergência em meio a crise

O país espera uma decisão sobre a possível saída antecipada do presidente Jacob Zuma

Escrito por Estadão Conteúdo ,

O comitê executivo nacional do Congresso Nacional Africano (ANC, na sigla em inglês), partido no comando da África do Sul, vai realizar uma reunião de emergência nesta segunda-feira (12), enquanto o país espera uma decisão sobre a possível saída antecipada do presidente Jacob Zuma por causa de alegações de corrupção, informou a imprensa local. O anúncio da reunião ocorreu antes de um discurso esperado pelo vice-presidente, Cyril Ramaphosa, que diz ter negociado uma transição de poder com Zuma.

Muitos antigos apoiadores do presidente querem que ele renuncie por causa de sua ligação com escândalos de corrupção que derrubaram o apoio do partido no poder e prejudicaram uma das maiores economias africanas. Há uma crescente sensação de desconforto pela falta de informações sobre as conversas confidenciais entre Zuma e Ramaphosa.

Enquanto líderes do ANC pedem que os sul-africanos esperem pacientemente por uma solução, a oposição política especula que Zuma está tentando assegurar concessões, incluindo a proteção de acusações, em troca da renúncia. "Essa mediação não pode continuar", disse o porta-voz do partido de oposição Aliança Democrática, Refiloe Nt'sekhe. "Jacob Zuma deve enfrentar todas as consequências de suas ações, sejam quais forem, e não pode haver acordo ou leniência para ele ou sua família." 

Zuma nega os mal feitos, mas ele está desacreditado pelos escândalos, que incluem supostas melhorias multi milionárias em sua casa particular, que teriam sido pagas pelo estado, e envolvimento em acordo de armas fechado a cerca de duas décadas.

Na semana passada, Ramaphosa cancelou uma reunião do comitê executivo nacional do ANC, que se espera que pressione pela saída antecipada do presidente, de modo que o partido possa reconquistar os eleitores antes das eleições em 2019. Tal reunião poderia exacerbar as divisões no partido que comanda a África do Sul desde o fim do apartheid em 1994. Ramaphosa disse que suas discussões privadas com Zuma visavam minimizar discórdia.

O porta-voz do ANC, Pule Mabe, confirmou que uma reunião do comitê estava programada para esta segunda-feira, mas não comentou a agenda. A previsão é de que Ramaphosa fale na Cidade do Cabo neste domingo, na celebração do 28º aniversário da libertação de Nelson Mandela. Ramaphosa, ativista anti-apartheid, foi um negociador chave durante a transição para democracia no início dos anos 1990.