Para 78% dos venezuelanos, país vive crise humanitária

Pesquisa mostra que 94% dos venezuelanos reclamam da falta de remédios

Escrito por Agência Globo ,

Para 78,2% dos venezuelanos, o país vive uma crise humanitária, com 94,1% das pessoas reclamando do suprimento de medicamentos, e 85%, do acesso aos alimentos, segundo pesquisa do Atlantic Council, centro de estudos internacionais de Washington, nos EUA. O levantamento foi realizado em mil residências do país, em setembro, e divulgado na manhã desta quinta-feira. Entre os entrevistados, 82,8% afirmam que a sua qualidade de vida piorou desde março, quando foi realizado o último levantamento pelo instituto.

"Continuamos a ver uma forte deterioração na qualidade de vida das pessoas e, além da preocupação que já existia com serviços de saúde e alimentação, há uma atenção maior a temas como transporte, falta de eletricidade ou água potável", afirmou Jason Marczak, diretor do Adrienne Arsht Latin America Center do Atlantic Council.

Segundo a pesquisa, os maiores problemas do país são insegurança (35,8%), falta de dinheiro (35,2%), má qualidade dos serviços de saúde (29,4%), crise econômica (29,1%), transporte público (29%), falhas no fornecimento de eletricidade (25,9%), além da corrupção e a impunidade (15,6%).

Para 50,1% dos entrevistados, a pior entidade na luta contra a crise é o governo. Embora a maior parte dos venezuelanos (60,1%) creditem ao presidente Nicolás Maduro a culpa pela hiperinflação "muito acima dos que acreditam que a responsabilidade é do setor privado (18,8%)", a queda no número de pessoas que apoiam o governo foi menor que a registrada entre os apoiadores da oposição.

Segundo o levantamento, 22,3% dos venezuelanos apoiam o governo. Isso significa uma redução de 1,9 ponto percentual em relação à pesquisa de março, quando 24,2% dos venezuelanos se diziam governistas. Por outro lado, 29,2% dos entrevistados disseram apoiar a oposição, numa queda de 2,3 pontos percentuais.

"Claramente o governo perdeu suporte. Sobre a oposição, temos que lembrar que muitos líderes estão no exterior e muitos dos que ficaram no país estão em prisão domiciliar", lembrou Marczak.