Neve dificulta investigação sobre queda de Antonov na Rússia

Autoridades russas indicaram que estudam todas as hipóteses como possíveis causas, citando as condições climáticas, fator humano ou possível problema técnico

Escrito por Agence France-Presse ,

Autoridades russas prosseguiam nesta segunda-feira (12) - em condições difíceis, devido à densa camada de neve - com a investigação sobre as causas da queda de um avião comercial neste domingo perto de Moscou, que provocou a morte dos 71 ocupantes.

Centenas de homens uniformizados vasculhavam vários hectares cobertos de neve, em busca de corpos ou restos do avião. A área também era percorrida por veículos e sobrevoada por helicópteros.

Autoridades russas indicaram que estudam todas as hipóteses como possíveis causas, citando as condições climáticas, fator humano ou possível problema técnico, mas não mencionaram a pista terrorista.

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O Antonov An-148 da companhia russa Saratov Airlines havia acabado de decolar rumo a Orsk, nos Urais, quando desapareceu dos radares. Ele caiu no distrito de Ramensky, a 70km de Moscou.

"Constatamos que os 71 ocupantes morreram", declarou na noite deste domingo o ministro de Situações de Emergência, Vladimir Pushkov, no local da queda do avião. Ele encerrou as operações de resgate e iniciou a busca por corpos e restos do avião.

 "Devemos realizar a maior parte dos trabalhos de busca nos próximos sete dias, devido à superfície muito extensa onde os restos ficaram espalhados, à neve e à topografia local", disse, citado pelas agências russas.

A lista de vítimas divulgada por autoridades inclui dois estrangeiros - de Azerbaijão e Suíça - e três crianças. A maioria dos passageiros era originária da região de Orenburgo, onde fica Orsk. O governador da região decretou um dia de luto nesta segunda-feira.

Sem problema técnico

Uma investigação foi aberta formalmente para identificar possíveis violações das normas de segurança, anunciou o Comitê de Investigação russo. Seus agentes começaram a interrogar ontem funcionários da Saratov Airlines, funcionários do aeroporto que preparam o avião para a decolagem e controladores aéreos. Não foi detectado nenhum problema técnico antes da partida do avião, segundo o Comitê.

Uma caixa-preta contendo dados do voo foi encontrada ontem. Os corpos estão "em tal estado que será preciso realizar testes de DNA para identificar as vítimas", indicou o ministro dos Transportes, Maxim Sokolov, assinalando que a tarefa poderia "levar entre dois e três meses".

O Antonov-148 estava em operação desde 2010, segundo a Saratov Airlines. A companhia decidiu suspender temporariamente os voos com este modelo, que tem capacidade para 85 passageiros e autonomia de 3.500 km.

A Saratov Airlines usa principalmente aviões Antonov ou Yakovlev. A empresa, que não se envolvia em um acidente fatal desde o fim da URSS, em 1991, tem como principais destinos cidades da província russa, bem como capitais do Cáucaso.

O presidente Vladimir Putin cancelou uma viagem prevista para hoje até Sochi, sul do país, onde receberia o presidente palestino, Mahmud Abas, indicou o porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov, citado pelas agências russas. A reunião vai acontecer em Moscou.

O último acidente fatal com um avião em território russo remontava a dezembro de 2016, quando um aparelho militar Tu-154 caiu logo após a decolagem em Adler, quando se dirigia à base aérea russa de Hmeimim, na Síria. Entre as vítimas estavam mais de 60 membros do Exército Vermelho.