França pode declarar estado de emergência após caos no Arco do Triunfo

Governo avalia se adota medida de exceção para evitar que a violência se repita no próximo protesto

Escrito por Redação ,

O governo francês avalia decretar estado de emergência após o caos provocado pelos protestos dos "coletes amarelos", no sábado, nos locais de maior visitação turística de Paris. O presidente da França, Emmanuel Macron, visitou, neste domingo, o Arco do Triunfo, que foi atacado nos protestos do último sábado. O líder francês tem resistido a ceder às reivindicações dos "coletes amarelos".

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"É preciso pensar em todas as medidas que podem ser tomadas para evitar que estas manifestações gravíssimas de violência se reproduzam nas ruas", respondeu o porta-voz do governo, Benjamin Briveaux, ao ser questionado pela emissora Europe 1 sobre a possível instauração de estado de emergência.

Os "coletes amarelos" são manifestantes que protestam contra o aumento dos preços dos combustíveis devido à cobrança de um novo imposto, aos sábados, desde o último dia 17. O movimento cívico se diz apartidário e tem esse nome devido à roupa fluorescente que os motoristas franceses são obrigados a usar para chamar atenção no caso de acidente na estrada. Os protestos são marcados por bloqueios de vias e barricadas. No último sábado, houve repressão policial, provocando 412 prisões e 262 feridos, sendo 23 membros das forças de segurança.

Os sindicatos de policiais solicitaram ao governo que aplique a medida de exceção para evitar que as cenas de violências se repitam na semana que vem. 

"O presidente da República não vai falar hoje", informou o Palácio do Eliseu, após a reunião de crise que ele presidiu com o primeiro-ministro Edouard Philippe, o ministro do Interior Christophe Castaner e "autoridades competentes".

Mas ele pediu ao primeiro-ministro que receba "os líderes dos partidos representados no Parlamento, bem como representantes dos manifestantes".

O Senado francês também anunciou neste domingo que convocou para terça-feira os dois ministros da segurança para "explicações sobre os meios estabelecidos pelo ministério do Interior" no sábado.

Sábado à noite, enquanto veículos queimavam no coração de Paris, lojas eram saqueadas e barricadas erguidas entre opulentos edifícios.

Emmanuel Macron acusou manifestantes violentos de quererem apenas o "caos". Seu ministro do Interior, Christophe Castaner, também não descartou a possibilidade de estabelecer estado de emergência para evitar um novo surto de violência no próximo final de semana.

Segundo o presidente, os distúrbios "nada têm a ver com a expressão do descontentamento legítimo" dos "coletes amarelos", um movimento social de franceses modestos que inicialmente se opunha ao aumento do preço dos combustíveis, e que depois se expandiu para o problema do poder de compra, e que acusa o governo de Emmanuel Macron de tratá-los com desprezo e intransigência.

Após a violência de sábado, dia também marcado por manifestações e confrontos nas províncias, algumas vozes do poder sugeriram que haverá mudanças, pelo menos na forma, da ação governamental. 

"Pecamos por estarmos muito distantes da realidade dos franceses", declarou o novo líder do partido de Macron LREM (A República em Marcha), Stephane Guerini.