Filho de jornalista assassinado foge da Arábia Saudita

Salah e sua família viajaram para os EUA

Escrito por AFP ,

O filho do jornalista saudita Jamal Khashoggi deixou seu país com sua família rumo aos Estados Unidos, depois que o governo suspendeu a proibição de viagens, anunciou na quinta-feira a Human Rights Watch (HRW).

"Salah e sua família estão a bordo de um avião com destino a (Washington DC) no momento", disse à AFP Sarah Leah Whitson, diretora executiva da HRW para o Oriente Médio e Norte da África.

As autoridades sauditas não reagiram por enquanto, mas Whitson explicou que a viagem foi aparentemente autorizada depois que a proibição de deixar o país que pesava sobre Salah foi suspensa.

Jamal Khashoggi, jornalista crítico do regime saudita e colunista do jornal Washington Post, foi assassinado em 2 de outubro no consulado saudita em Istambul, onde foi buscar documentos para poder se casar.

"Ato premeditado"

Já o procurador-geral da Arábia Saudita afirmou nesta quinta-feira, citando informação fornecida pela Turquia, que os suspeitos do assassinato do jornalista cometeram um "ato premeditado". A investigação continua, acrescentou o procurador em um comunicado.

As autoridades do país, sob pressão internacional, apresentaram várias versões.  Em um primeiro momento falaram em uma "briga" e, mais tarde, de uma operação "não autorizada" da qual o príncipe herdeiro, Mohamed bin Salman, o homem forte del país, não teria sido informado.

No total, 18 suspeitos, todos sauditas, foram detidos na Arábia Saudita e vários altos funcionários dos serviços de informação foram demitidos.

Pouco depois do anúncio do procurador, a mídia estatal informou que o príncipe Mohamed, de 33 anos, presidiu na quinta-feira a última reunião de uma comissão encarregada de restruturar os serviços de inteligência.

Na quarta-feira, o príncipe herdeiro falou pela primeira vez sobre o caso, que classificou de "incidente repulsivo" e "doloroso". O assassinato do jornalista causou a indignação internacional e atingiu a imagem do país, maior exportador de petróleo do mundo.

O príncipe, que falou no fórum econômico Future Investment Initiative (FII) realizado em Riad, disse que "prevalecerá a justiça" e que "não os vínculos com a Turquia não serão rompidos".

Nesta quinta-feira, o ministro turco das Relações Exteriores disse que continua havendo perguntas que Riad tem que responder, sobretudo sobre a identidade dos autores e o lugar onde está o corpo.

"Há perguntas que precisam de respostas", disse Mevlüt Cavusoglu. "Dezoito pessoas foram detidas [na Arábia Saudita], porque elas? Quem lhes deu ordens? (...) O corpo de Jamal Khashoggi ainda não foi encontrado. Onde está?"