EUA enviarão 800 soldados para conter caravana; Trump estuda fechar fronteira

O endurecimento da política sobre os imigrantes está diretamente ligada à proximidade das eleições legislativas americanas de meio de mandato, que acontecerão no dia 6 de novembro

Escrito por Estadão Conteúdo ,

O presidente dos EUA, Donald Trump, anunciou nesta quinta-feira (25), o envio de 800 integrantes do Exército americano para reforçar a fronteira com o México, diante do avanço da caravana de imigrantes da América Central que pretende entrar no país. A informação de uma fonte do Pentágono surgiu após Trump afirmar que os militares devem ser usados para conter a "emergência nacional" nas fronteiras. 

Trump também estaria considerando emitir uma ordem executiva para fechar a fronteira com o México e impedir que imigrantes, incluindo requerentes de asilo, entrem no país pela fronteira sul, afirmaram nesta quinta-feira os jornais Washington Post e New York Times. 

Segundo a lei americana, os estrangeiros que fogem da perseguição têm o direito de solicitar asilo assim que chegarem em solo americano, mas a ordem executiva em questão suspenderia essa provisão sob alegação de "questão de segurança nacional", de acordo com os familiarizados com a proposta. Analistas afirmam que a medida é inconstitucional e pode gerar uma guerra de liminares em tribunais americanos.

O envio de mais tropas federais à fronteira seria uma medida para reforçar o apoio logístico com tendas e equipamentos, na preparação para uma assistência humanitária com a chegada da caravana. Desde abril, Trump enviou reforço de 2,1 mil homens que dão suporte à patrulha da fronteira com o México.

O endurecimento da política sobre os imigrantes está diretamente ligada à proximidade das eleições legislativas de meio de mandato, que acontecerão no dia 6. O discurso contrário à entrada de imigrantes ilegais é uma das principais plataformas políticas de Trump, que tem se dedicado à campanha eleitoral nas últimas semanas. Em jogo, o controle da Câmara dos Deputados e do Senado. 

Na quinta, Trump usou o Twitter novamente para pedir que os imigrantes não tentem entrar nos EUA. "Para aqueles na caravana, façam meia volta, nós não estamos deixando as pessoas entrarem nos EUA. Voltem ao seu país e, se quiserem, deem entrada no processo de cidadania, como muitos outros estão fazendo", escreveu Trump. O presidente já havia ameaçado cortar a assistência financeira destinada à América Central e suspender o Nafta, acordo de livre-comércio renegociado recentemente com o México, caso o avanço da caravana não fosse contido.

O Alto Comissariado da ONU para os Refugiados (Acnur) estima que em mais de 7 mil pessoas o número dos integrantes da caravana - incluindo crianças com os pais. Os imigrantes, a maioria de Honduras, pretendem pedir asilo nos EUA diante da pobreza e da violência que enfrentam nos seus países de origem. 

Eles entraram no México pela Guatemala e ainda precisam caminhar mais de 1,5 mil quilômetros até chegar à fronteira com os EUA. A caravana é vista como uma maneira segura de chegar ao território americano, em um caminho que tradicionalmente dependeria do pagamento e da intermediação de traficantes de pessoas, os chamados coiotes. 

Com o cansaço depois de mais de 10 dias de estrada, uma parte dos imigrantes, que tem sido ajudada pela população mexicana, pegou caronas em trajetos curtos - o que tornou o ritmo da caravana mais rápido nos últimos dois dias. Até agora, eles vinham caminhando numa marcha de cerca de 30 quilômetros por dia. Nesse ritmo, eles levariam mais de um mês para chegar à fronteira.

Os imigrantes têm contado com a solidariedade dos mexicanos. Diversas ONGs organizaram a acolhida dos viajantes e ajuda humanitária em pontos-chave da rota. Na Cidade do México, doações têm chegado com frequência, segundo líderes de uma rede de apoio que reúne 50 grupos.